sábado, fevereiro 15, 2014

Duas soluções

A não ser que o PS consiga uma maioria absoluta nas próximas eleições, o que implicaria um milagre digno da Nossa Senhora da Rua da Horta Seca, a solução política do país passará por um entendimento entre o PS e o PSD mais um Paulo Portas cujo papel será comprar submarinos, apresentar demissões irrevogáveis e fazer aquelle sorriso cínico de Chico esperto.
  
É evidente que quem no PSD não gosta de Passos Coelho nutre o mesmo sentimento por António José Seguro. Não sendo fácil a um Pacheco Pereira negociar com Seguro uma colecção de tribunais personalizados ou a extinção pura e  simples da ADSE em tempos defendida por um Beleza a dar para o feiote e com muito pouco de brilhante.  Também é evidente que quem no PS não gosta de Passos Seguro alguma vez vai aceitar negociar com a sua cara-metade. Seguro e Passos não passam de duas facções do mesmo neo-liberalismo, Passos lidera o gangue dos neo-liberais de direita e Seguro tem ao seu lado o gangue dos neo-liberais da esquerda.
  
No meio está um Cavaco Silva com dois anos para branquear a sua imagem e fazer esquecer que foram os seus que iam destruindo o país, os cortes nos vencimentos e nas pensões correspondem grosso modo ao que o país foi obrigado a enterrar no banco dos seus amigos, para compensar lucros fáceis que outros obtiveram, incluindo as mais-valias que a família do Presidente ganhou com negócios de acções da SLN.
  
Enquanto Passos Coelho tiver na mão a chave de acesso à manjedoura estatal muito dificilmente algum militantes se arriscará a fazer o mais pequeno gesto que sugira oposição ao líder. A não ser Pacheco Pereira e mais dois ou três militantes todos estão caladinhos, só se transformarão em grandes libertadores quando souberem que Passos vai cair. No PS passa-se um pouco do mesmo, como Seguro é o putativo primeiro-ministro todo o aparelho o apoiará até ser derrotado nas urnas. Enquanto isso as personalidades do PS vão gozando os seus cargos de forma tranquila.
  
A única forma de repor os direitos dos portugueses, de reconstruir o que este governo destruiu, seria com um governo competente, de gente honesta e de bom senso. Ora, é isso que nem o PS nem o PSD conseguirão produzir, uma boa parte da sua militância foi atraída pela expectativa de acesso à manjedoura e para essa gente o interesse nacional é o seu próprio interesse, os partidos foram assaltado por mercenários formados nas jotas e que hoje dominam a política nacional.
  
Isto significa que o país terá de fazer esta travessia no deserto, gerido por jotas sem qualificações, apoiados pelos mbas iluminados e cheios de soluções liberais, gente que cresceu a falar mal do Estado e a odiar os colegas que progrediram à custa das suas capacidades, sem recurso a cunha ou financiamento de empresários duvidosos enriquecidos pela imensa máquina de corrupção em que se transformou o Estado.