O Marco António, essa espécie de porta-chaves que de vez em
quando diz umas baboseiras em nome do PSD, devia explicar a Passos Coelho como
se poderia abonar de forma a poder comer umas lascas de bacalhau. Com as
exportações em alta uma exposição de produtos alimentares atraiu a nata política
portuguesa e cada um encheu a mula com amostras.
Passos Coelho decidiu exibir o seu humor negro e gozar com
os portugueses, disse este ex-gestor ao serviço de Ângelo Correia que umas
lascas de bacalhau já não estão ao alcance do seu bolso, porque, queixou-se
ele, um primeiro-ministro nem é nada abonado. Compreende-se a desilusão de
Passos Coelho, um jovem forma-se numa das melhores universidades portuguesas lá
para os quarenta anos, tem uma carreira brilhante de gestor das empresas de
lixo do padrinho e quando está na força da idade sujeita-se a servir o país e
nem ganha para umas lascas de bacalhau.
A coisa está mesmo feia, até porque o bacalhau era a proteína
barata, fácil de pescar, de processar e de conservar, que durante muitas décadas
alimentou os portugueses mais pobres, mas Passos não sabe disso, não era pobre,
não estava na metrópole nem tinha idade para comer bacalhau, se é que essa
comida de pobres entrava na sua casa.
Mas se Passos anda mesmo mal pode aproveitar o facto de tanto
o Continente como o Pingo Doce estarem a fazer promoções com bacalhau. No
Continente pode comprar o bacalhau crescido da Noruega por 4,49€ o quilo, em
vez dos 5,99€ da tabela, se fizer comprar de cerca de 30€ ainda pode receber um
vale de desconto para a GALP e mais uns euros no cartão se tiver o cupão, tudo
junto o bacalhau fica-se à borla e tem lascas para três meses. Se tiver mais
simpatia pelo merceeiro holandês, o líder do Tea Party à portuguesa que com a
sua Fundação lhe deu uma preciosa ajuda eleitoral, também poderá poupar 2€ por
quilo no graúdo.
Uma segunda solução é a proposta no primeiro parágrafo,
recorrer ao tal porta-chaves era vice na Câmara Municipal de Gaia, a tal
autarquia que era o modelo de gestão deste PSD poupadinho, teso e rigoroso nas
contas, tão modelo que o Menezes foi promovido a candidato ao Poro e ainda
meteu o filho no parlamento. O braço direito de Passos foi um mago das finanças
de Gaia, onde tinha o pelouro do dinheiro. Ele que deixou a autarquia com quase
300 milhões de dívidas é que poderá ajudar o primeiro-ministro nas contas.
Caso o porta-chaves não arranje forma de abastecer Massamá
de lascas de bacalhau a solução para que Passos Coelho se cale e deixe de gozar
com as dificuldades dos portugueses, é enviar uns fardos de bacalhau para a sua
casa e ir cantar-lhe a famosa música de Quim Barreiros, o “Bacalhau quer alho”.