quarta-feira, fevereiro 19, 2014

Toma lá uma lasca

O Marco António, essa espécie de porta-chaves que de vez em quando diz umas baboseiras em nome do PSD, devia explicar a Passos Coelho como se poderia abonar de forma a poder comer umas lascas de bacalhau. Com as exportações em alta uma exposição de produtos alimentares atraiu a nata política portuguesa e cada um encheu a mula com amostras.
 
Passos Coelho decidiu exibir o seu humor negro e gozar com os portugueses, disse este ex-gestor ao serviço de Ângelo Correia que umas lascas de bacalhau já não estão ao alcance do seu bolso, porque, queixou-se ele, um primeiro-ministro nem é nada abonado. Compreende-se a desilusão de Passos Coelho, um jovem forma-se numa das melhores universidades portuguesas lá para os quarenta anos, tem uma carreira brilhante de gestor das empresas de lixo do padrinho e quando está na força da idade sujeita-se a servir o país e nem ganha para umas lascas de bacalhau.
 
A coisa está mesmo feia, até porque o bacalhau era a proteína barata, fácil de pescar, de processar e de conservar, que durante muitas décadas alimentou os portugueses mais pobres, mas Passos não sabe disso, não era pobre, não estava na metrópole nem tinha idade para comer bacalhau, se é que essa comida de pobres entrava na sua casa.
 
Mas se Passos anda mesmo mal pode aproveitar o facto de tanto o Continente como o Pingo Doce estarem a fazer promoções com bacalhau. No Continente pode comprar o bacalhau crescido da Noruega por 4,49€ o quilo, em vez dos 5,99€ da tabela, se fizer comprar de cerca de 30€ ainda pode receber um vale de desconto para a GALP e mais uns euros no cartão se tiver o cupão, tudo junto o bacalhau fica-se à borla e tem lascas para três meses. Se tiver mais simpatia pelo merceeiro holandês, o líder do Tea Party à portuguesa que com a sua Fundação lhe deu uma preciosa ajuda eleitoral, também poderá poupar 2€ por quilo no graúdo.

Uma segunda solução é a proposta no primeiro parágrafo, recorrer ao tal porta-chaves era vice na Câmara Municipal de Gaia, a tal autarquia que era o modelo de gestão deste PSD poupadinho, teso e rigoroso nas contas, tão modelo que o Menezes foi promovido a candidato ao Poro e ainda meteu o filho no parlamento. O braço direito de Passos foi um mago das finanças de Gaia, onde tinha o pelouro do dinheiro. Ele que deixou a autarquia com quase 300 milhões de dívidas é que poderá ajudar o primeiro-ministro nas contas.
 

Caso o porta-chaves não arranje forma de abastecer Massamá de lascas de bacalhau a solução para que Passos Coelho se cale e deixe de gozar com as dificuldades dos portugueses, é enviar uns fardos de bacalhau para a sua casa e ir cantar-lhe a famosa música de Quim Barreiros, o “Bacalhau quer alho”.