O governo nada nos diz sobre o BES, a ministra limita-se a comentar o que se passou como se a decisão tivesse sido em exclusivo do Ti Costa e ele fosse apenas jornalista. Depois de Bento ter sido despedido por ter ideias próprias, tendo sido substituído por um empregado do Horta Osório que fez suas as ideias do Bento, veio o Horta Osório esclarecer o país e ficou a saber-se que o banco ia ser vendido com prejuízo.
Faltava saber se o banco vai ser vendido antes ou depois das legislativas e essa dúvida foi esclarecida pelo Zé Maria Ricciardi, o administrador do BESI informou os portugueses de que o banco seria vendido lá para o Verão. A informação deverá ser credível pois quem a deu é um conhecido banqueiro que trata o primeiro-ministro que tu e foi prestada horas depois dos dois terem andado aos abraços e aos beijinhos.
O mesmo governo que num gesto de subserviência miserável acabou com feriados e com a tolerância de ponto no Carnaval, tudo para passar a imagem de um povo pobre e gandulo que só se quer divertir, não se importa agora de paralisar escolas e tribunais para proteger a incompetência de dois ministros ridículos ou que não fica incomodado quando os cidadãos morrem para que as ambulâncias fiquem nas garagens .
O mesmo primeiro-ministro que reagiu a uma decisão do Tribunal Constitucional com o adiamento de qualquer reforma da segurança social foi à gaveta buscar o discurso do acordo em torno da mesma segurança social mal o principal partido da oposição. Ficámos a saber que as reformas da segurança social são mais importantes para atacar o Tribunal Constitucional ou para fazer jogo sujo nas lutas político-partidárias e que Cavaco Silva alinhou desenterrando do seu velho discurso da cultura de compromisso.
Não estando certo de que os partidos prescinda da luta democrática em nome de um compromisso tutelado por mensageiros de Belém, Cavaco decidiu lutar contra o populismo fazendo suas as bandeiras desse mesmo populismo. Cavaco não fala mal dos partidos, põe em causa a sua existência enquanto motores da luta democrática. Cavaco é contra o populismo, mas usa os raciocínios dos populistas para justificar uma reforma do sistema político em ano de eleições. Cavaco duvida desta classe política como se ainda estivesse a tempo de ser ele a substituir os corruptos que se multiplicaram com os seus governos. Se Cavaco está tão preocupado com a credibilidade dos políticos porque razão não exige a Passos a demissão dos ministros que abusam da incompetência?
No fisco um secretário de Estado encomenda uma reforma do IRS que mais parece um projecto da Opus Dei, o governo aumenta brutalmente os impostos, corta a direito nas prestações sociais e agora vem dar apoio às famílias numerosas da Opus Dei, já que para as outras famílias os apoios mal dão para pagar os preservativos que evitam mais miséria com a multiplicação das bocas para comer o que escasseia ou já não há porque as famílias nada recebem porque os apoios sociais foram cortados ou porque os desempregados não têm subsídio.
Num país em que a dívida cresce de forma imparável, em que os bancos só emprestam dinheiro a quem usa cartão de crédito, em que o crescimento é raquítico, em que os recursos do Estado são usados para compensar as consequências sociais de políticas sem resultados, a incompetência grassa, os banqueiros duvidosos são porta-vozes do governo e um Cavaco em decadência sugere a renovação dos políticos.