Finalmente Cavaco fez aquilo com que se comprometeu durante a campanha eleitoral, ajudar o país com os seus conhecimentos de economia. Depois do sucesso que teve nos negócios de acções e do imobiliário já era tempo de dar um ar da sua graça e mostrar que sabe muito mais do que o tal modesto professor que nada sabia dessas coisas sobre acções escritas em inglês.
Adoptando a sua postura de professor Cavaco corrigiu a modesta licenciada em economia pela Lusíada dizendo que não era muito correcto falar em custos para os contribuintes no caso de a venda do Novo Banco não render o que o Estado investiu no BES. Explicando as contas como se estivesse falando para uma criança de quatro anos Cavaco equiparou a decisão do governo no BES a um crédito mal parado ou a um negócio que correu mal.
Para Cavaco uma decisão política governamental da qual foi devida e atempadamente é equivalente na avaliação política a um crédito concedido por um director do banco. Para Cavaco enterrar a CGD com uma decisão política deve ser equiparado a um erro de gestão ou mesmo a um azar com um negócio de um cliente. Por isso mesmo a ministra não deve concluir que um prejuízo da CGD da qual resulta perda de lucros para o accionista Estado representa um custo para o contribuinte que terá de suportar mais impostos para compensar o impacto do prejuízo nas contas do Estado.
Se uma declaração destas vinda de um meros economista já teria os contornos de uma anedota, vinda de alguém que sendo Presidente da República é doutorado em economia merece a maior repulsa. Compreende-se que Cavaco está empenhado em apoiar o seu governo, aceita-se que ele receie que a desgraça do BES lhe caia também em cima, mas os portugueses merecem ser tratado com mais respeito pela sua inteligência.
É evidente que a decisão política de intervir no BES nos termos em que tal foi feito pode etr como consequência a perda de parte do valor investido e isso significa perdas directas e indirectas para o erário público. Perdas directas porque os lucros e prejuízos da CGD entra nas contas do Estado. Indirectas porque as perdas a assumir pelos bancos privados traduzir-se-ão em perdas fiscais em sede de IRC.
Considerar que uma decisão política adoptada em segredo e em circunstâncias que levaram o próprio Cavaco a questionar se sabia de tudo a uma mera decisão de gestão de um chefe de uma agência da CGD é recuar aos tempos da gestão do Estado da ex-URSS. Para Cavaco os prejuízos das decisões políticas devem ser, no caso de um banco público, ser tratados como prejuízos equiparáveis a decisões comerciais e os prejuízos de milhões de uma decisão política devem ter o mesmo tratamento de um crédito à aquisição de um frigorífico.
Volta Joseph Stalin, estás perdoado!