Marcelo Rebelo de Sousa é pré-candidato a umas eleições desde há pelo menos 15 anos, sempre que se aproxima a mudança de um presidente o seu nome é espontaneamente atirado para a comunicação social como um possível candidato, depois o pré-candidato usa os seus tempos de antenas pessoais para ir alimentando a campanha até ao momento da desistência. Mais uma vez isso sucedeu, mas desta vez a sua pré-candidatura foi levada a sério e Passos Coelho achou que a devia destruir chamando-lhe catavento.
Marcelo anda desde há três anos apoiar Passos Coelho o melhor que pode e que sabe, mas num jogo permanente de toca e foge, evitando a todo o custo ficar com as nódoas dos salpicos da imagem do primeiro-ministro. Passos Coelho não lhe perdoou esta estratégia ao mesmo tempo cobarde e manhosa e optou por o eliminar, até os responsáveis do CDS que se precipitaram a apoiar o seu nome e a troco de um grupo parlamentar bem composto manifestaram obediência a Passos Coelho nesta matéria. Só num cenário de derrota desastrosa do PSD que conduzisse à crucificação de Passos Coelho na noite eleitoral é que a candidatura de Marcelo seria viável, mas num cenário desses muito dificilmente uma candidatura da direita sairia vencedora.
Rui Rio prefere brincar ao toca e foge com as sondagens, quando a direita está mais em alta reaparece e vozes amigas dizem aos jornais que a apresentação da candidatura está para breve, recentemente foi ainda mais longe e reuniu-se às escondidas com o Big Mac mais o líder parlamentar do PSD. Tal como Marcelo também parece ver Passos Coelho como peçonha, demarcando-se o mais possível do ainda e infelizmente primeiro-ministro. Como tem que alimentar as suas ambições e não lhe convém tomar posição sobre o governo do seu partido vai dizendo umas banalidades sobre o sistema político, apresentando-se como uma espécie de monge da Cartuxa no meio de uma classe política onde são todos bandidos menos ele. Digamos que é uma versão fina do político populista, diz o mesmo que o Marinho Pinto mas com um ar de quem está dizendo uma grande coisa. Curiosamente, nos últimos quatro ano apareceu mais vezes ao lado de António Costa do que de Passos Coelho.
Para Pedro Santana Lopes uma candidatura presidencial é um drama desde o dia em que sugeriu que poderia ser candidato, Santana sabe que no dia em que se candidatar terá de deixar o “conforto” e protecção da Santa Casa, ao contrário de outras personalidades que seriam bem capazes de deixar uma candidatura presidencial a troco da Santa Casa. Santana sabe que não é o candidato desejado por Passos, pelo menos desde que o Rui Rio começou a ter esperanças de ganhar e se chegou à frente e o seu melhor cenário seria uma vitória da direita nas legislativas, nesse caso recuaria em favor da candidatura de Rui Rio apoiada pela direita e dessa forma garantiria a sua continuação na Santa e confortável Cas. O drama de Santana é que só num cenário de derrota evidente nas legislativas e nas presidenciais é que será o candidato de Passos Coelho e nessa ocasião terá mesmo de fugir em frente e candidatar-se, sabendo que a Santa Casa estará perdida. Só que os tempos são outros e Santana só ganhou duas eleições, as do SCP e as da CML. Só que os tempos são outros, agora ninguém o quereria no SCP e nas eleições autárquicas os votos já são bem contados.