Muitos liberais vêm no Estado a causa de todos os males pelo que em muitas das suas posições manifestam ódio ao próprio Estado. Passos Coelho é um político liberal de um tipo diferente, pela forma como a direita se aproveita do Estado é óbvio que não o detesta, o ódio de Passos Coelho é dirigido aos funcionários públicos e por isso persegue-os de todas as formas possíveis, levando muitos dos seus quadros, designadamente pessoal de saúde, a abandonar o Estado e mesmo a abandonar o país.
Usou um falso estudo para criar uma das suas mentiras a que agora designa por mitos urbanos, fundamentou as suas políticas na ideia de que os funcionários públicos ganhavam mais do que os do sector privado. Para isso manipulou os dados e comparou dados que não podiam ser comparados com o objectivo de virar os portugueses contra os funcionários públicos, nada que no passado não tenha acontecido noutras paragens onde políticas de ditadores foram financiadas com o dinheiro de grupos religiosos que foram perseguidos.
Para dar início ao empobrecimento forçado dos funcionários públicos Passos Coelho inventou um desvio colossal que na boca de um economista mais ambicioso do que capaz se transformou numa anedota, desvio que se veio a provar ter sido uma mentira e que apenas encobria as dívidas da Madeira que mais dia menos dia serão varridas para debaixo do tapete.
De um dia para o outro cortaram os vencimentos aos funcionários públicos e um core que era para durar apenas um ano vai durar quase uma década se a direita ganhar as eleições. No Estado deixaram de haver promoções ou qualquer actualização de vencimentos, isto é, para além dos cortes durante quase uma década os vencimentos ficam congelados, promovendo a sua desvalorização contínua ao longo desse tempo.
Mas cortar 25% dos vencimentos era pouco, foi preciso cortar de todas as formas, sempre com o falso argumento dos privilégios e recorrendo a uma manipulação de linguagem em que o funcionário público era tratado como “despesa”. Para promover essa perseguição Passos Coelho contou com personagens obscuras do jornalismo, com destaque para gente como o director do DE ou o então director do Público, hoje um jiahdista do liberalismo que comanda a Voz do Povo agora designada por Voz do Dono e que é conhecida por Observador.
Para além dos cortes dos vencimentos procedeu-se a um aumento das contribuições e como ainda era pouco decidiu-se um aumento do horário de trabalho sem qualquer contrapartida remuneratória. Os funcionários públicos foram o bombo da festa, foi o povo eleito para ser sacrificado. Mas mesmo assim o ódio de Passos Coelho não ficou satisfeito, decidiu ainda optar pelo roubo e com o argumento da sustentabilidade da ADSE promoveu um aumento dos descontos que funcionou como um imposto extraordinário aplicado aos funcionários públicos.
Estamos perante abusos de alguém que odeia portugueses, neste caso os funcionários públicos. O que sentirá este senhor ao ir ao Instituto Português de Oncologia e se dirige a gente que ele rebaixou, médicos condenados a ganhar miseravelmente e enfermeiros que ganham pouco mais do que uma empregada doméstica têm nas sua mãos a vida da sua esposa. Será que lhes sugere que procurem zonas de conforto em Angola ou no Brasil que lhes lembrar as vagas de pessoal médico que o Paulo Macedo ainda esta semana disse existirem na Alemanha, acusá-los-á de enquanto despesa serem a peçonha da nossa economia? Espero que Passos Coelho cada vez que vai ao IPO saia de lá com a consciência tranquila pois eu nunca o conseguiria e sentir-me-ia humilhado ao ver que aqueles persegui eram os que me tentavam salvar a mãe da minha filha.