O órgão serviu para prender Sócrates à saída da manga do aeroporto de Lisboa, serviu para alimentar o reality show do processo difamatório que tem sido a violação do segredo de justiça, serviu para julgamentos sucessivos na comunicação social, mas na hora da formulação da acusação o MP borregou, a culpa é do tal órgão, para ser mais preciso é daquele rapaz rechonchudo e com ar bamboleante que há poucos dias a revista Visão apresentava como mais um modelo nacional de virtudes.
O comunicado da PGR a admitir que isto é mesmo da Joana foi uma maldade, logo agora que um Paulo Azevedo, lembrando o papá nos seus melhores tempos, veio a público mostrar como se babava por ter sido apanhado aquele que acusa de lhe ter estranhado o negócio, acusando tudo e todos de estarem feitos contra a SONAE, veio a Procuradora-Geral dizer que por culpa do fiscal de Braga tem muita prova e pouca acusação.
Sócrates foi bem preso e ainda melhor difamado, ninguém tem dúvidas da culpa, prende-se o ex-primeiro-ministro durante um ano, não podia ficar sequer em prisão domiciliária sem coleira porque podia perturbar o inquérito. Dois anos depois sabe-se que quem perturba o inquérito é a incapacidade do fiscal de Braga de produzir relatórios convertíveis em acusação. Mesmo assim os volumes e os crimes vão-se multiplicando.
É assim a justiça portuguesa, a justiça da Joana, tudo gente muito capaz e incompetente que só não faz melhor porque a culpa é do fiscal de Braga, a face mais visível do órgão, da Autoridade Tributária e Aduaneira, a mesma onde não faltava quem estivesse orgulhoso por estar desempenhando um papel tão relevante no país.