O mentiroso é, por definição, um criativo, Paulo Núncio, o agora famoso e bem sucedido advogado da Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da Silva & Associados tem-se revelado uma espécie de criativo compulsivo, com momentos de elevação criativa quase diários. Aquilo que era algo que apenas tinha relevância estatística. acabou por se tratar de uma manobra de combate à fraude.
Paulo Núncio adaptou o conceito do "deixa-os pousar" ao combate à evasão fiscal, estava montando uma armadilha aos infractores, e queria apanhá-los descuidados, aumentou o prazo de cobrança de impostos, quando regressasse ao governo, com a ajuda do diabo, iria apanhá-los descansados, provavelmente a dar banhos aos ditos nas praias de água quente das ilhas dos paraísos fiscais.
Só nos resta esperar que Assunção Cristas nos venha dizer que Paulo Núncio que começou com elevação técnica, passando a elevação sacana, a que se sesguiu um momento de elevação ética, teve agora um momento de elevação criativa. Andam andam e na próxima cerimónia dos Óscares ainda vão trocar os envelopes e dar o Óscar do melhor guião ao advogado dado aos romances.
Já constava que o Núncio Fiscoólico e os seus pares tinham dois pesos e duas medidas em matéria de impostos, já se tinha percebido igualmente que o sucesso na cobrança dos impostos pagos pelos pobres chegava para o reembolso da sobretaxa e ainda dava para aliviar a carga fiscal dos coitados dos ricos. Agora sabemos que o especialista em combate à evasão fiscal, contratado pela Morais Leitão para aconselhar os seus clientes a serem contribuintes exemplares tinha uma abordagem do combate à evasão fiscal pelos ricos oposta à adoptada para os pores.
Para os pobres ou menos ricos a estratégia era a da bordoada e do terror fiscal, penhorava-se tudo, desde as casas de habitação às cuecas da avó, nem se escapando as encomendas postas protegidas pela Convenção Postal Universal. Nesta paranóia goebeliana de propaganda, Paulo Núncio anunciava resultados, mandava emails semanais a elogiar os cumpridores e, como isto não bastava, até anunciava medidas que não iria implementar, só com o objectivo de instalar o pânico dos contribuintes. Em relação aos ricos esperava que pousassem, para os pobres a estratégia era a seguida por Mao no famoso combate às quatro pragas, batia em tudo o que fazia barulho para que os pardais caíssem de cansaço. Ainda bem que a Morais Leitão nos fez um grande favor, levando o Núncio, corríamos um sério risco de ficarmos sem pardais..
Um bom exemplo das mentiras aterradoras do Núncio foi quando anunciou que ia cruzar os dados do multibanco com os dos contribuintes, até tinha contratado mais 350 inspectores (DN), isto é, a fartura de recursos humanos para cruzar o ouriço caixeiro com a minhoca na esperança de produzir arame farpado, impediu-o de ter tempo e meios para reparar que houve uma branca no controlo das transferências para as offshores.. O resultado é que não cruzou nada disso, apenas levou a que muitas tascas colocassem avisos a informar os clientes qe não aceitavam pagamentos por Multibanco. Enfim, um efeito perverso digno da campanha contras as quatro pragas.
Agora percebe-se que a desvalorização fiscal era conduzida em duas frentes, a frente legal compensando a descida do IRC com aumentos do IRS, e a frente do combate à evasão fiscal, com o combate feroz à evasão fiscal dos pores para compensar a perda de receitas em resultado da política de vista grossa em relação à evasão fiscal dos ricos.
https://www.dinheirovivo.pt/arquivo/fisco-comeca-a-cruzar-dados-dos-cartoes-de-multibanco-e-de-credito/
Não cocultou deliberadamente