segunda-feira, dezembro 04, 2017

A CHAPADA SEM MÃO

Aquilo que é mentira a 1 de abril pode ser a verdade do 4 de dezembro...
A citação não é do zipadinho, mas foi inspirada no seu brilhantismo televisivo.



Se uma chapada sem mão partisse os dentes à vítima, a esta hora Marques Mendes estaria no dentista reparando a sua dentuça, isso se não tivesse ficado com uma fractura no maxilar e condenado a comer por uma palhinha durante um par de meses. Estaria cheio de sorte, porque se a palmada fosse de cima para baixo ainda alguém se lembraria de o devolver à escola primária. Marques Mendes teve, neste domingo, uma excelente oportunidade de pedir desculpa a Centeno e aos que o ouvem na SIC, mas com a ajuda da jornalista preferiu ignorar a figura triste que fez no passado. Mesmo assim e por mais charlatão que seja Marques Mendes, é impossível que não tenha sentido o violento estaladão que levou.



Quando não sabia como criar mais dificuldades à formação do governo, Cavaco Silva tirou seis condições da sua manga costurada no Rosa & Teixeira. Que para formar governo Costa teria de dar garantias adicionais sobre a aprovação de orçamentos de Estado, o cumprimento das regras de disciplina orçamental da zona euro e à estabilidade do sistema financeiro. Como se sentirá este senhor que mandou Portugal à porta do FMI quando era ministro das Finanças ao revalorizar o escudo com intuitos populistas, destruindo a competitividade das empresas, que deixou o seu governo em dificuldades financeiras, chegando ao ponto de pagar vencimentos com títulos do Tesouro, que se candidatou a Presidente para ajudar com os seus conhecimentos de economia e depois não sabia gerir as suas pensões e para terminar e, a cereja em cima do bolo, ousou colocar condições para aceitar a nomeação de Costa como primeiro ministro? A mera hipótese de Centeno ser presidente do Eurogrupo é como uma missa do sétimo dia de um cavaquismo já morto e devidamente enterrado. Mas convém não esquecer esta "filoxera" que nos atacou durante quase duas décadas.



Em termos académicos as habilitações de Maria Luís Albuquerque não passariam da primeira fase de uma candidatura a um doutoramento nas melhores cem universidades do mundo. Isso não impede que a senhora diga o que lhe vai na cabeça, ainda que esta não seja grande coisa em aritmética. Na entrevista que deu à SIC Notícias em 14 de setembro de de 2016 Maria Luís Albuquerque sentia-se como peixinho a água, animada por Jorge Ferreira, o seu admirador número 1, a funcionária do banco inglês achou que podia dispensar os travões e disse o que lhe ia na alma. Ao considerar o défice de 3% em 2016 "aritmeticamente impossível" Maria Luís não se limitava a discordar de uma política, estava a desvalorizar inteletualmente o seu sucessor, a humilhá-lo em público. A iletrada pagou bem caro a sua ousadia e durante este fim-de-semana prolongado já deve ter gasto o stock de Alka-Seltezer da farmácia de serviço, diria mesmo que Centeno está cheio de sorte, correu um sério risco de levar umas pantufadas do marido da senhora, famoso por defender agressivamente a sua (ainda?) dama.

Recorde-se que Setembro de 2016 era o mês em que o diabo deveria vir, esta entrevista da iletrada foi dada dez dias antes de sair o relatório de execução orçamental, que deveria tornar pública a desgraça e consequente chegada do diabo, anunciada por Passos Coelho na festa do Pontal. Tal como Passos também Maria Luís acreditou na  vinda do diabo. Provavelmente teve razão, desde então que a vida política deste casam malfadado foi um inferno.



Um dos momentos mais ridículos, baixinhos e caricatos deste PREC marcelista, onde os beijinhos e abraços e beijinhos se misturam com a definição espontânea e apressada de novas prioridade, onde os poderes presidenciais dão lugar ao paternalismo e onde o poder presidencial é alimentado por likes e novos amigos, foi o incidente dos SMS de Mário Centeno. A democracia desceu a um novo patamar quando Marcelo chamou Lobo Xavier a Belém para, de acordo com a imprensa, ler comunicações privadas de um cidadão. mas o mais divertido deste momento negro da democracia é o jornal da família vir dizer que Marcelo se sentia traído, como se sentiria então alguém ao saber que o Presidente da República estava lendo as suas mensagens privadas? Mas graças a mais um gesto de bondade de Marcelo Centeno sobreviveu, esperemos agora que Marcelo não queira ler as mensagens entre Centeno e a senhora Merkel ou o presidente do BCE ou a sugerir que é graças ao seu estilo avô Boca Doce que Centeno foi eleito presidente do Eurogrupo.



Há expressões populares que por mais brejeiras que pareçam são incontornáveis, por mais que tentemos não encontramos forma de colocar o que pensamos no papel. É o que sugere a postura de Passos Coelho quando Mário Centeno foi ao parlamento pela primeira vez, armado em primeiro-ministro no exílio que só estava ali fazendo um frete pois esperava pela vinda da ajuda do mafarrico, agendada para Setembro de 2016. O jornal da família não perdeu a oportunidade e juntou-se a Passos Coelho na ridicularização de Mário Centeno, anunciava com gozo que Passos Coelho tinha chorado até às lágrimas na primeira aparição parlamentar de Centeno. Sentindo-se num casting do La Feria o líder do PSD fez a encenação do choro para o jornalista do Expresso. Enfim, alguém lhe deveria ter dito aquilo que o povo pensou "ri-te, ri-te, quando souberes que é no ... até choras!".



Terem nomeado a Dra. Teodora Cardoso para presidente dessa instituição desnecessária que é o Conselho de Finanças Públicas foi como se tivessem metido uma palhinha no rabo da economista em fim de carreira, uma licenciada em economia que tinha sido funcionária do BdP. A importância chegou-lhe à cabeça e fê-la perder a noção da realidade. Desde que Mário Centeno apareceu na apresentação dos cenários macroeconómicos que a Dra. Teodora é uma incansável opositora, cometendo mais erros aritméticos do que a Maria Luís poderia imaginar que alguém conseguisse cometer.  Aliás, a senhora é tão desastrosa que uma semana antes de Centeno ser candidato a presidente do Eurogrupo ainda fez uma tentativa derradeira de o destruir comparando as suas políticas à de Salazar.

Por fim, fica um vídeo dedicado ao Dr. Carlos Costa, governador do BdP, personalidade que pela sua dimensão pouco mais merece do que um sorriso: