sábado, dezembro 02, 2017

O ERRO

O maior erro que os candidatos à liderança do PSD cometeram foi terem sido incapazes de se afirmar contra as políticas de extrema-direita de Pedro Passos Coelho, pior do que isso, iniciaram as suas campanhas com uma sessão de beija-mão ao ex-líder de beatificação da sua iletrada ministra das Finanças. 

Da parte de Santana Lopes isso era de esperar, afinal o ex-líder e agora recandidato a líder do PSD encontrou forma de vida assumindo a liderança da Santa Casa, numa altura em que os apoios sociais eram substituídos pela caridade. Santana tinha de apoiar quem o ajudou e estar de acordo com a política de que foi serventuário. Não admira a colagem a Passos Coelho, aqui e ali salpicada por tentativas ridículas de se colar à imagem de Marcelo. Vê-lo a meditar sozinho no meio do eucaliptal queimado ou levar a imprensa até Mértola para cumprimentar a única militante do PSD daquele concelho mereceu uma gargalhada.

A maior surpresa veio de Rui Rio, depois de anos a sugerir que discordava de Passos Coelho, assustou-se com a candidatura de Santana Lopes e apressou-se a dar o dito por não dito e colar-se ao líder que pretende substituir. Pela primeira vez temos uma sucessão no PSD em que o que une os candidatos à liderança é estarem de acordo com as políticas seguidas por aquele que querem suceder e que quiseram ajudar a derrubar. Mesmo Santana Lopes faltou na hora em que Passos mais precisou dele, pior ainda, andou meses a fazer de conta que poderia ser candidato a Lisboa, para desistir num momento em que o PSD já não teria soluções. 

O país gozou o feriado do 1.º de Dezembro e as empresas não perderam competitividade, os direitos ao vencimento e às pensões foi devolvido às vítimas do ódio de Passos Coelho e o país não foi à bancarrota. Mário Centeno provou que um país pequeno e em crise não precisa de ser subserviente para com o ministro das Finanças alemão e muito menos chicotear os portugueses pensando que isso é do agrado da senhora Merkel.

A herança de Passo Coelho foi o excesso de sofrimento imposto por alguém nunca fez uma ponta do dito na vida, políticas de ódio a funcionários e pensionistas acusados de todos os males do país. Ninguém tem saudades de ver um Passos Coelho chamar piegas a todo um povo ou a vergar-se, quase batendo com o queixo no joelho, perante meros funcionários da troika.

A colagem de Santana Lopes e de Rui Rio a Passos Coelho, quando esta já não passa de um cadáver irrequieto, é um erro grave. Ao fazerem-se de herdeiros do antecessor, Santana e Rio não terão qualquer espaço para se afirmarem como alternativa. No caso de Rui Rio a situação é pior, depois de tudo o que Passos fez ao país ainda acha que é pouco, quer mais uma revolução da direita a que designou por novo 25 de Abril.