terça-feira, dezembro 19, 2017

ARMÉNIO CARLOS JÁ É O DONO DA AUTOEUROPA?

Li e voltei a ler, precisava de ter a certeza de que o Arménio Carlos teria escrito o que era notícia, para confirmação fui mesmo ler o artigo original. Para terminar um longo artigo em que se percebe que os trabalhadores da Autoeuropa já foram metidos na linha e devidamente enquadrados pela liderança da CGTP, Arménio Carlos vai mais longe e já se considera uma espécie de CEO político da Autoeuropa, dando instruções ao governo português e estabelecendo metas para uma empresa alemã.

"A  CGTPO considera que este é o momento certo para discutir uma estratégia de médio e longo prazo para a fábrica".

"Neste sentido, e no momento em que a Volkwagen já chegou a um acordo com o Governo alemão relativamente à substituição de uma parte da produção dos carros com motor a combustão por viaturas com motor elétrico, assim como às condições de condicionamento da circulação dos primeiros e apoios à comercialização dos segundos, é altura de o Governo assegurar as condições necessárias junto da multinacional para que a Autoeuropa seja parte integrante desta nova fase da estratégia produtiva".

Mas qual é a percentagem de capital detido pela CGTP na Autoeuropa para que o seu líder, certamente depois de ouvir as instruções do jerónimo de Sousa, vir considerar que “este é o momento certo para discutir uma estratégia de médio e longo prazo para a fábrica". Mas desde quando é que a CGTP tem por funções ou poderes para discutir o futuro de uma empresa privada, ainda por cima de capitais inteiramente estrangeiros?

E desde quando é que um governo português decide qual o papel de uma sucursal nacional de uma empresa estrangeira na gestão estratégica dessa empresa?

Arménio Carlos escreveu mesmo isto, pensa mesmo isto e isso significa que é assim que ele exige que a Autoeuropa seja gerida e foram estas as instruções que recebeu do líder do PCP. E isto é muito mais poder do que alguma vez um comissário político do PCUS teve dentro de uma empresa da ex-URSS. Arménio Carlos considera que tendo o poder de paralisar a Autoeuropa através do exercício do direito á greve, pode decidir a gestão da empresa como se esse poder fosse equivalente a deter a maioria do capital da empresa.

Estamos perante uma tentativa ridículo de reiniciar uma espécie de PREC através da Autoeuropa. Se o teste resultasse Arménio Carlos passaria a ser uma espécie de super-ministro da indústria nacional, tendo o direito de cogerir todas as empresas onde a CGTP tivesse o poder de as destruir através de paralisação. Talvez o Arménio Carlos possa começar pelo grupo SONAE, este artigo não foi escrito no jornal da CGTP ou no Avante, como seria de esperar, foi no jornal dos maiores capitalistas portugueses, cujo dono morreu ainda recentemente, curiosamente os pares de Arménio Carlos opuseram-se no parlamento contra um voto de pesar pela morte do capitalista Belmiro de Azevedo, o fundador do jornal que é agora a voz do PREC, enfim, é a luta de classes à antiga portuguesa.