sexta-feira, dezembro 15, 2017

UM PAÍS CHEIO DE AMOR PARA DAR

O país tem assistido a uma imensa vaga de amor e não me estou a referir aos cerca de três milhões de beijinhos de 2 milhões de abraços que Marcelo já deu fora de Cascais, desde que é Presidente. As ONG, fundações e missões dos mais variados tipos multiplicam-se como cogumelos. É a Popota, é a Maria Cavaco Silva, a Casa do Gil, a fundação do Figo, a missão sorriso, a comida para o cão e para o gato, o banco alimentar, não há ida ao super que não sejamos confrontados com amor caridoso.

Tudo serve de motivo para apelar à caridade nacional, as vítimas de todos os desastres, os cães, os gatos de rua, os pobres, os desempregados, os deficientes. A generosidade coletiva é tanta que até os ladrões de Tancos decidiram devolver o que roubaram e ainda mandaram uns caixotes a mais para ajudar a tropa.

Podemos ser egoístas na hora de aumentar o salário mínimo, podemos ser forretas a pagar impostos, mas na hora de comprarmos enlatados com lucro do super mais o IVA somos campeões. Os nossos políticos não nos ficam atrás, quando estão na oposição sentem impulsos cívicos e sem tempo ocupado para a governação oferecem-.se para gerir essa imensidão de boas obras.

Não admira que com tanto amor, depois de termos comprado tantas Popotas, de ter enchidos tantos sacos de plástico, tenhamos o direito de organizar um imenso auto de fé e queimar a maldita da Raríssimas no Terreiro do Paço. Aliás, não somos apenas campeões em caridade, também adoramos as perseguições, os autos de fé e as fogueiras.