Apesar das amostras de incompetência que foram muitos ministros de alguns governos de direita, com o governo de Santana Lopes na liderança do ridículo, a direita gosta de passar a ideia a ideia de que tem um exclusivo do rigor e da competência, em particular na pasta das Finanças. Todos os ministros das Finanças estão na linha de Oliveira Salazar, gente rigorosa e competente.
Gaspar era um modelo de virtudes que recordava Salazar, não tinha nascido num meio rural, mas um grande jornal descobriu com a avó Prazeres, da Serra da Estrela o tinha moldado, o ex-ministro era um suprassumo, licenciado na Católica e doutorado na Nova até fi convidado pelo ministro das Finanças para escrever um artigo para publicar no site daquele ministério. A Maria Luís era uma sumidade, com modesta formação universitária foi promovida a sumidade e até foi falar num seminário de fachada organizado igualmente pelo ministro Alemão. De Gaspar dizia-se ser ele o futuro Salazar, a Maria Luís era apresentada como o plano B de Passos Coelho.
Quando Centeno apareceu e apesar d bem mais qualificado do que os antecessores, foi tratado e gozado como se fosse um patinho feia. A incansável Teodora Cardoso desancou nele e até se ofereceu para censora oficial das suas propostas, Passos Coelho chorou até às lágrimas na primeira vez que Mário Centeno se apresentou no parlamento.
Mas as coisas não correram como a direita desejava e até o ministro das Finanças o designou por Ronaldo do Eurogrupo. As reações de inveja e de desvalorização na direita não se fizeram esperar. Quando o nome de Centeno surgiu como hipótese de presidente do Eurogrupo a direita desvalorizou, no caso de Marques Mendes até gozou, o pequenote chegou a dizer que tal hipótese só podia ser uma mentira do dia 1 de abril.
Compreende-se as manifestações de dor de corno a que temos assistido, se da primeira vez ainda houve quem defendesse que era prestigiante para o país, desta vez Lobo diz que o ministro faz falta em Portugal. Compreende-se o incómodo dos que apoiaram a política de Passos, como o pequenote, o governador do Banco de Portugal, a incansável Teodora, o comentador da TVI Marcelo Rebelo de Sousa e muitos outros, nunca lhes passou pela cabeça que o “grego” cá do sítio soubesse o que estava fazendo e convencesse a Europa rigorosa e exigente do Euro a elegê-lo. Afinal, é mais fácil convencer a senhora Merkel com inteligência, competência e honestidade, do que chicoteando os trabalhadores portugueses com cortes, perdas de direitos e acusações subliminares de gandulice.
Como é que Marcelo que chegou ao ridículo de chamar o ministro a Belém para lhe ler as mensagens de SMS trocadas com um administrador bancário, engolir agora o Centeno numa posição três palmos acima da dele? Esperemos que Marcelo não se venha a lembrar de chamar o Centeno a Belém, para que o ministro lhe mostre os e-mails que trocou com o ministro das Finanças alemão ou com a presidente do FMI. Como se sentirá Marcelo quando se arma em merceeiro esclarecido diz que vai estudar muito bem um orçamento elaborado por alguém que até pode ser presidente do Eurogrupo, antes do OE ser promulgado pelo muito douto, curiosos e afetuoso Marcelo?
Compreende-se a dor de corno que se sente por aí, engolir o Centeno no Eurogrupo é muito doloroso. Não deve ser difícil para Passos e Assunção cristas, que foram a Madrid, onde se reuniam os seus parceiros do Partido Popular Europeu, implorar para que chumbassem o governo português e as políticas propostas por Centeno, serem agora humilhados e rebaixados ao verem algumas das mais importantes personalidades da direita Europeia a apoiarem a candidatura de Mário Centeno.