A Passos Coelho não bastava retirar direitos e rendimentos aos portugueses que trabalhavam parta o Estado, fazê-lo recorrendo à difamação e humilhação, passou a imagem de inúteis engordados á custa do país, causadores de todos os males e os cortes dos seus rendimentos sem quaisquer negociações eram uma bênção para o país. O menos dotado e com menos experiência profissional de todos os primeiros-ministros da história de Portugal reduziu os funcionários públicos a despesa inútil, a única despesa que merecia e devia ser cortada.
A Geringonça repôs alguns rendimentos, o horário de trabalho e pouco mais, nalguns segmentos salariais por pressão eleitoralista do BE e do PCP, para os restantes lá se eliminou a sobretaxa depois de se ter arrastado os pés o mais possível. A imagem de que houve uma recuperação dos rendimentos ou de quaisquer outros direitos é falsa e os funcionários públicos continuam a ser as vacas da austeridade.
Mas o pior de tudo isto é a forma como os funcionários públicos são olhados e é por isso que sou contra a concessão de tolerâncias de ponto. Não faz sentido um governo cortar nos dias de férias e vir outro governo dar umas baldas porque é tradição ou, piro ainda, com o argumento de que não sendo muito necessários até é bom que desempatem as estradas para que o trânsito. Gosto pouco de receber favores ou gorjetas, se quisesse ficar hoje em casa tinha recorrido a um dia de férias.
Acho uma vergonha esta mania dos governos portugueses darem um diazinho a esses pobres coitados, dando a notícia uma semana antes. Daqui a uns tempos lá aparece alguém, a dizer que esses malandros não trabalham e ainda lhes dão dias de tolerâncias, ainda se vão lembrar que só eles têm férias ilimitadas e alguns acrescentarão que não fazem nada.
Em vez de modernizarem o Estado os governos têm tentado reduzir os custos salariais no Estado e em vez de o fazerem com medidas de gestão fazem-no recorrendo à difamação, umas vezes feita de forma objetiva, outras vezes de forma subliminar. Com Sócrates foi a avaliação, o SIADAP e a avaliação de professores, o governo era modernizador porque com a avaliação punha-se a malandragem a trabalhar. Passos nem se deu ao trabalho de explicar, difamou e cortou.
Começa a ser tempo de os que trabalham no Estado serem vistos como qualquer trabalhador, acabando de vez com estas tolerâncias e outras gorjetas avulso, ao mesmo tempo que em nome da austeridade lhes são recusados outros direitos. Os funcionários públicos podem ser maltratados, mas têm o direito a não ser humilhados.