Em Portugal somos todos amantes da democracia, mas com um pequeno senão, odiamos partidos e políticos. EM maior ou menor grau somos uma espécie de democratas transgénicos, democratas a quem foi inoculado um bocadinho de Salazar. Em públicos somos democratas exemplares, em privamos temos um altar com o Salazar, o santo de muitos democratas.
Quando ouvi Jorge Ferreira na SIC falar da lei dos financiamento dos partidos percebi logo que a coisa ia acabar mal, quando o jornalista da SIC Notícia disse que a última esperança era a intervenção de Marcelo, percebi logo o que ia suceder, se o jornalista melhor combina estupidez com populismo exigia a intervenção salvadora de Marcelo, era certo e sabido que o Presidente aproveitaria a vaga e fazia mais uma surfada populista.
Ouvir Jorge Ferreira insinuar que com o reembolso do IVA os partidos iriam fazer concorrência desleal às empresas ou que ainda se lembrariam de ocupar um qualquer Mosteiro dos Jerónimos foi de ir ao vómito. Mas a verdade é que muitos dos que hoje ouvem a SIC, depois de horas e horas de doutrinação, concordaram com o pequeno ser que anda armado em economista quando a última coisa que aprendeu neste domínio foi a tabuada.
Marcelo perdeu a oportunidade de se afirmar como Presidente da República democrática, poderia explicar aos portugueses que a democracia precisa dos partidos e que estes funcionam porque muitos cidadãos oferecem horas e horas de trabalho e muito dinheiro do bolso. Que o financiamento do Estado correspondia ao pagamento de uma despesa necessária a assegurar a democracia.
Marcelo tinha a oportunidade de usar a influência do seu populismo angariado com discursos duvidosos, conquistando por uma vez os mais exigentes e menos dados aos seus truques populistas. Mas não preferiu uma forma menos própria e em vez de dar a cara faz um pedido ao parlamento que mais não é que o discurso do Jorge Ferreira, um pedido onde de forma subliminar condena os partidos, dando razão aos que em Portugal nunca falam bem dos partidos. Cada vez tenho menos consideração democrática por Marcelo, mas, enfim, tenho de reconhecer que quem sai aos seus não degenera.