Jumento do Dia
Em Portugal a chamada "economia social" onde se mistura poder, dinheiro e caridade. beneficia de uma total impunidade, como é tudo gente boa quase é uma ofensa auditar ou investigar. Com a institucionalização da caridade durante o período da troika, fenómeno que Marcelo parece pretender continuar, a economia social cresceu de forma exponencial.
Agora parece ter caído uma senhora da economia social, talvez seja o abrir de uma porta para que os portugueses percebam que neste país não há vacinas contra a corrupção e que os únicos que não t~em direito a elas são os que servem o Estado como funcionários ou como políticos.
lamentavelmente, os políticos também parecem ter-se especializado nesta economia social, sendo muitas as organizações criadas por políticos ambiciosos que as usam como tropa de choque eleitioral. No caso da raríssimas é óbvio que algo está mal quando alguém ganha três mil euros mensais como consultor de uma organização cheia de amor.
Aposto que desta vez Marcelo Rebelo de Sousa evitará o comentário na hora, vai ser lerdo o suficiente para ver se o assunto é esquecido e nenhum jornalista lhe faz a pergunta difícil. Cheios de sorte estão os outros políticos envolvidos, desta vez o Presidente da República não lhes vai exigir explicações.
«A TVI emitiu uma reportagem onde é demonstrado como a presidente da Raríssimas, uma associação sem fins lucrativos que recebeu mais de 1,5 milhões de euros, dos quais metade são subsídios estatais, pode ter recorrido aos fundos daquela associação para pagar mensalmente milhares de euros em despesas pessoais. Surgem também envolvidos o secretário de Estado da Saúde, que foi consultor da associação recebendo 3 mil euros por mês, e a deputada do PS Sónia Fertuzinhos, que viajou até à Noruega paga pela Associação. Marcelo Rebelo de Sousa também é visado, Paula Brito da Costa é filmada a dizer mal do Presidente da República.
As acusações contra Paula Brito da Costa são corroboradas pelo testemunho de vários ex-funcionários da Raríssimas, entre os quais estão dois ex-tesoureiros, uma antiga dirigente e outra pessoa que trabalhou como secretária naquela associação sem fins lucrativos, munidos de vários documentos que dão conta de transações alegadamente ilícitas que terão beneficiado a presidente desta associação sem fins lucrativos dedicada aos cuidados de portadores de doenças pouco comuns. Ao longo dos anos, a Raríssimas recebeu a visita de ministros, do Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e também da rainha Letícia, de Espanha.
Segundo a TVI, Paula Brito da Costa recebia um salário base de 3 mil euros mensais, ao qual acresciam 1300 em ajudas de custo, 816,67 euros de um plano poupança-reforma e ainda 1500 euros em deslocações. A esta quantia, que já ultrapassa os 6500 euros, deve ainda ser acrescentado o aluguer de um carro de luxo com o valor mensal de 921,59 euros e compras pessoais que a presidente da Raríssimas faria com o cartão de crédito da associação. Na reportagem, é publicada uma fatura de um vestido de 228 euros; outra que dá conta de 821,92 em compras; e ainda uma terceira que demonstra uma despesa de 364 euros no supermercado, entre os quais 230 dizem respeito a gambas.
Paula Brito da Costa também cobraria à Associação as deslocações diárias de casa para o trabalho, declarando que estas eram feitas em carro próprio. Porém, o carro que usava para fazer esse trajeto pertencia à Federação de Doenças Raras, associação da qual também foi presidente e onde, segundo a TVI, auferia 1315 euros acrescidos de 540 euros de despesas, também elas de deslocação.» [Observador]
Há 22 anos que o SCP não começava assim
«Esse dado acaba por empurrar o Sporting para uma estatística que mostra bem a consistência da equipa até ao momento: há 22 anos que os leões não chegavam ao final da 14.ª jornada sem derrotas, melhorando até o registo dessa equipa liderada por Carlos Queiroz que tinha Figo, Balakov, Amunike e companhia (11 vitórias e três empates agora, contra dez triunfos e quatro igualdades na temporada de 1994/95). Pormenor curioso: Gelson Martins e Daniel Podence, titulares na partida desta noite, não eram sequer nascidos…» [Observador]
Parecer:
Os portistas responderão que esperam que desta vez acabe como nesse época brilhante de há 22 anos, o SCP ficou a sete pontos do FCP.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
Mais um negócio tradicional que morre
«Proprietário da Livraria Saturno, em Oliveira do Bairro, José Augusto diz ter "a sorte" de trabalhar com um agrupamento de escolas compreensivo, que optou por dar às famílias a opção de escolherem onde compram os manuais escolares do 1.º ciclo oferecidos pelo Estado. Mas também não se sente livre de perigo: "Com o nosso agrupamento não temos problemas mas, como as coisas estão, não sabemos se amanhã as coisas mudam e ficamos na mesma situação dos que já perderam tudo", diz.
Penalizadas por um mercado editorial que tem vindo a perder leitores a um ritmo acelerado, as pequenas livrarias e papelarias tinham na área escolar - não só nos manuais e fichas de exercícios como nos restantes materiais que as famílias acabavam por comprar - a última boia de salvação dos seus negócios. Mas estão a tornar-se num indesejável efeito colateral da distribuição gratuita dos livros escolares. Não pela medida em si mas devido à forma como esta tem sido implementada, com muitos agrupamentos de escolas a optarem por grandes fornecedores, que lhes garantem as quantidades necessárias com elevados descontos.» [DN]
Parecer:
Desta vez ninguém fica preocupado com o interior?
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao Presidente.»