terça-feira, dezembro 05, 2017

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Pedro Passos Coelho

Não foi um qualquer ministro das Finanças a ser escolhido para presidir ao Eurogrupo, foi o minsitro de um governo que durante quase dois anos foi considerado quase ilegítimo pelo ex-primeiro-ministro que não conseguiu uma maioria parlamentar, foi o mesmo ministro que a ex-ministra tentou humilhar com exercícios de aritmética, foi o mesmo que seria responsável pela vida do diabo.

Ouvir os dois candidatos à liderança do PSD sugerir que a escolha de Centeno era em 50% resultado do trabalho de Passos Coelho só pode merecer uma gargalhada, mas as declarações desses dois artistas tiveram o mérito de trazer o ex-primeiro-ministro para o centro do debate. É impossível falar de Centeno sem referir Passos Coelho, sem recordar da exigência de sujeitar as suas propostas a um visto prévio ainda antes das eleições, das gargalhadas com que o tentou humilhar na sua ida ao parlamento, da forma desprezível como se comportou durante mais de um ano, convencido do fracasso do agora ministro.

A escolha de Mário Centeno é um espinho na garganta de muitas personalidades de direita, mas em relação a Passos Coelho é mesmo humilhante, ver aqueles a quem Passos foi pedir em Madrid, na reunião do Partido Popular Europeu, para chumbarem o novo governo ajudando-o a regressar ao poder, decidirem agora escolher Centeno para presidir ao Eurogrupo é uma chapada demasiado violenta para alguém a suportar.

Depois de forçado a abandonar a liderança do PSD, Passos é humilhado pelos seus parceiros europeus, incluindo a senhora Merkel a quem ele foi tão subserviente, em frente de quem chicoteou os portugueses pensando que assim a Europa reconheceria nele um grande líder. A escolha de Centeno é a derrota mais humilhante que Passos e todos os que apoiaram a sua política, de Teodora ao Costa, de Marques Mendes ao João Duque, de Jorge Ferreira ao redator da Voz do Povo, de Cavaco Silva a Paulo Portas.

À direita anda só encontrei um comentador com lucidez, foi AlexandreHomem Cristo, no Observador:

«Ora, a extinção dessa associação expõe finalmente, no discurso da direita, o grande vazio de ideias com que tem feito oposição desde 2015: se não puder acusar a geringonça de ser irresponsável na gestão das contas públicas, que alternativa propõe a direita ao país? Nenhuma. Não se percebe qual é o projecto do CDS e percebe-se que o PSD não tem projecto. É, aliás, essa a nota dominante da actual campanha interna dos sociais-democratas – cujo partido, pela dimensão, tem a responsabilidade de liderar um projecto alternativo à frente de esquerda. Nem Rui Rio nem Santana Lopes são capazes de se definirem de direita, nenhum trouxe propostas para modernizar a política portuguesa, e a ambos falta a capacidade para desencostar o PSD ao Estado, abrindo as portas à sociedade civil – como bem notou Henrique Monteiro. Eis, portanto, a direita num beco. Em parte, porque lá se colocou a si mesma. Em parte, porque a vitória de Mário Centeno representa a derrota final do seu discurso político. E agora? Agora o tempo acabou: o que nos próximos meses a direita fizer para sair deste beco vai definir onde chegará nas eleições legislativas de 2019.»


 Partidinha de 1.º de Abril

Uma partidinha de 1.º de Abril é alguém ter telefonado ao ex-presidente do SEF, este ser acusado de corrupção passiva e o que meteu a cunha andar por aí a dizer patacoadas e a meter mais cunhas. Enfim, há gente que não é mesmo para levar a sério.

 Já nem o consigo ouvir

O Paulo Portas não consegue estar calado, fala, fala e já não suporto ouvi-lo.

 Uma perguntinha a Marcelo

Nestes dois anos o governo não tem sido rigoroso nas contas públicas porque Centeno ainda não era presidente do Eurogrupo? Ao dizer que agora o governo não pode ter desvios nem aventuras, está a sugerir que tal ocorreu em 2015 e 2016? Enfim, quem muito fala pouco acerta.

 O CDS vai ser mais vigilante

Será que vão meter um espartilho na Cristas porque a rapariga está mais gordinha?

 Passos Coelho já partiu

Foi essa a sensação com que o PSD nos deixou ao comentar a eleição de Mário Centeno. Quanto á reação do PCP também nos mostrou que Jerónimo de Sousa não partiu e que o PCP nem mudou, nem nunca mudará.

 Argumento de ordem psiquiátrica

Um dos argumentos psiquiatricamente mais questionáveis que temos ouvido desde que se percebeu que Mário Centeno seria a escolha mais provável para a presidência do Eurogrupo é que depois disso há garantias de que agora sim, Portugal tem garantias de que as regras iriam ser cumpridas. Ainda bem que Cavaco não se lembrou de que só com Centeno é que as regras seriam respeitadas, teria condicionado a nomeação de Costa como primeiro-ministro à eleição de Centeno para este cargo.

Numa escala psiquiátrica teríamos Marcelo no primeiro nível e Assunção Cristas já num nível de demência, com o deputado Pacheco do PSD a meio da tabela. Assunção Cristas meteu os pés pelas mãos dizendo que Centeno era uma desgraça para Portugal e agora iria ser uma desgraça para a Europa, mas como ia para presidente do Eurogrupo o país ficava sem norte por não ter ministro.

Marcelo roçou o divertido, ele que há um par de meses andou a ler os SMS privados de Mário Centeno deixando no ar a ameaça de demissão de ministro, veio agora recordar que Centeno até era o patinho feio. De caminho lá veio com o argumento de toda a direita, que agora agora não podia haver desvios nem aventuras. Isto é, até parece que nestes dois anos o país andou em desvios e em aventuras porque não tendo responsabilidades não estava obrigado a respeitar regras.

É caso opara perguntar, anda tudo maluco?

O ministro é o mesmo, o Eurogrupo é o mesmo, as regras são as mesmas, quem gosta de ler os SMS alheios é o mesmo, o primeiro-ministro é o mesmo, a geringonça é a mesma. Nada mudou, apenas ficámos a saber que o ministro português das Finanças conquistou a confiança dos seus pares e conseguiu convencê-los de que há mais finanças para além da austeridade cega e castigadora.

      
 Blá, Blá, Blá pesidencial
   
«Elogios e avisos. Perante a iminência da eleição de Mário Centeno para a presidência do Eurogrupo, Marcelo Rebelo de Sousa avisa que, sendo “bom para Portugal”, tudo o que é bom tem um preço e esse preço vai ser a exigência acrescida da União Europeia ao caminho financeira.

“Tudo tem um preço na vida, não se brinca em serviço. O Orçamento para 2019 e a execução para 2018 têm de corresponder à exigência de alguém que dá o exemplo no Eurogrupo. Há que continuar a ter muito juízo na linha definida e não ter aventuras”, afirmou o Presidente da República aos jornalistas à saída do Centro de Apoio aos Sem-Abrigo (CASA) da Almirante Reis (Lisboa).

Marcelo até começou com os elogios, quando afirmou que a eleição de Centeno “representa o reconhecimento do percurso que Portugal fez, é bom para o Governo, porque representa o reconhecimento daquilo que fez nos últimos dois anos, é bom para o ministro das Finanças, é o reconhecimento dos seus parceiros na UE sobre as políticas que dirigiu a nível financeiro”. Sublinhou mesmo que Centeno era “o patinho feio, para muitos muito feio, há dois anos”, e agora é “o cisne resplandecente”.» [Público]
   
Parecer:

Marcelo Rebelo de Sousa diz tantras banalidades que se arrisca a ficar conhgecido pelo Mr. Banal. A necessidade de comentar tudo e de chamar a si todo o protagonismo quando algo de bom sucede leva-o a falar como se fosse uma metralhadora falante, o resultado é um discurso cada vez mais pobre, mais próximo do jornalista da agência noticiosa, que faz comentários para outros reproduzirem, do que de um Presidente que se quer dar ao respeito e ser respeitado. Marcelo fala tanto e diz tantas banalidades que são cada vez em maior número aqueles que já não o querem ouvir.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Soria-se por condescendência.»
  
 Não é Trump que escreve os tweets?
   
«No sábado, o Presidente norte-americano afirmou que despediu Michael Flynn do cargo de conselheiro de Segurança Nacional “porque ele mentiu ao vice-presidente e ao FBI”. No entanto, o tweet de Trump pode trazer problemas ao líder da Casa Branca, uma vez que com esta declaração pode estar a admitir que já tinha conhecimento das mentiras de Flynn. O que significaria que a demissão de Flynn foi uma obstrução à justiça e uma tentativa de influenciar as investigações relacionadas com as ligações da sua campanha à Rússia. 

Este domingo, num esforço de conter as consequências da publicação, John Dowd, um dos advogados de Trump, declarou-se o autor do tweet em questão, assumindo as responsabilidades (e eventuais consequências) da afirmação.» [Público]
   
Parecer:

É pior a emenda do que o soneto, agora temos um Presidente virtual que não sabem o que escrevem em nome dele nas redes sociais.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»