sexta-feira, dezembro 08, 2017

GERIR RECURSOS ESCASSOS

Fará sentido gastar dinheiro e energia política para levar por diante decisões como a de transferir o INFARMED para o Porto? Com tantos problemas que o país enfrenta pode-se dar ao luxo de gastar dinheiro e perigar a qualidade de um importante organismo público em nome de uma suposta regionalização, passando organismos de um grande centro urbano para outro grande centro urbano?

O grande problema do país é criar riqueza e redistribuir essa riqueza social e regionalmente de forma mais justa e equilibrada. Os problemas do subdesenvolvimento, quer se manifestem na qualidade dos serviços de saúde, na má gestão das florestas ou na fuga da população do interior para a emigração não se resolvem transferindo muitos INFARJMED. O desenvolvimento mede-se pela criação da riqueza e pela forma como esta se distribui e não pela distribuição equitativa e regionalista da pobreza.

O país tem granes problemas, sempre os teve e apesar do salto brutal de modernização, persistem em ter muito por fazer. Atribuir o problema do interior ao litoral ou sugerir que o interior é prejudicado sistematicamente é ignorar a nossa história. Não foram as cidades do litoral que destruirão o meio rural, muito antes de estes fenómenos merecerem debates públicos já as nossas aldeias tinham sido envelhecidas. Primeiro com a partida de muitos jovens para a guerra colonial e mesmo para a colonização, mais tarde e apesar de se ter de fugir ao salto, pela emigração em massa para o estrangeiro.

É verdade que muitas vilas e cidades do interior não conseguem fixar os jovens que são qualificados pelo sistema de ensino. Mas também é verdade que numa boa parte das nossas vilas e cidades os nossos autarcas exemplares instituíram modelos de “democracia” de  fazer inveja à Coreia do Norte. Os nossos autarcas querem poder e as eleições são mais facilmente ganhas com ignorância, pobreza e dependência de subsídios. Pensar que o regionalismo é um modelo de virtudes que tudo resolverá é mais um complexo dos políticos nascidos nas cidades e promovidos a dirigentes partidários com os votos arregimentados pelos caciques das nossas autarquias.

Nem é preciso sair de Lisboa para se conhecer uma realidade muito duvidosa, as juntas de freguesia da capital são poderosas máquinas especializa-as na subsidio dependência e na manipulação de votos a troco de jantares e excursões. 

Os recursos são escassos, a agenda política demasiado preenchida para que em vez de discutirmos como desenvolver, perdermos o tempo a decidir como se distribui o pouco que temos.