quarta-feira, dezembro 13, 2017

UMAS NO CRAVO E OUTRAS NA FERRADURA



 Jumento do Dia

   
Manuel Delgado, assessor da Raríssimas

Desde a primeira hora que era óbvio que o secretário de Estado seria um caso raríssimo se conseguisse sobreviver, desde que se soube do que ganhara como assessor da associação que eram óbvias as suas ligações pessoais à presidente da instituição. Que sirva de exemplo para os que envolvem nos negócios da IPSS.

«O secretário de Estado da Saúde Manuel Delgado, que viu o seu nome envolvido na polémica da Raríssimas, está de saída do Governo. O governante sai depois da reportagem da TVI denunciar alegadas irregularidades nas contas da instituição por parte da presidente na Associação Nacional de Deficiências Mentais e Raras, Paula Brito e Costa, e de ser confrontado pela jornalista da TVI sobre “viagens que terá feito com a presidente da Raríssimas. O gabinete do primeiro-ministro já “aceitou o pedido de exoneração” e informou que a substituta será Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho, até aqui presidente da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARS LVT).

O pedido de exoneração foi apresentado pelo próprio e o Presidente da República já aceitou. “O Presidente da República aceitou hoje [terça-feira] as propostas do Primeiro Ministro de exoneração, a seu pedido, do Secretário de Estado da Saúde Manuel Martins dos Santos Delgado e de nomeação para o mesmo cargo da Dra. Rosa Augusta Valente de Matos Zorrinho”, que tomará posse já esta tarde, pelas 19h30, lê-se na nota publicada na página da Presidência.» [Observador]

      
 E quantas auditorias fizeram à Raríssimas
   
«De acordo com os dados do Ministério do Trabalho e Segurança Social, entre 2015 e novembro de 2017, o Departamento de Fiscalização realizou mais de 1615 ações de fiscalização a instituições particulares de segurança social (IPSS).

Destas operações, resultaram 46 propostas de suspensão de acordos e 71 propostas de destituição de corpos gerentes em IPSS, apresentadas junto do Ministério Público territorialmente competente.

Foram, ainda, levantados 1.710 autos de contraordenação e 61 de ilícitos criminais.

O Ministério do Trabalho e Segurança Social entregou à associação Raríssimas mais de 2 milhões de euros desde 2013. Os dados enviados ao Expresso pelo gabinete de Vieira da Silva demonstram que a instituição de solidariedade social recebeu dinheiro do Estado através do Centro de Atividades Ocupacionais, do Lar Residencial e da Residência Autónoma que totaliza mais de 1,9 milhões de euros.» [Expresso]
   
Parecer:

Perante o escândalo da Raríssimas o Ministério do Trabalho apressou-se a divulgar o número de auditorias que foram feitas a IPSS. Só não disseram quantas vezes a Raríssimas foi auditada, já que recebeu muito dinheiro do Estado.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aposte-se que as auditorias à Raríssimas foram raríssimas.»
  
 A  fuga da LIFT
   
«O caso foi denunciado numa reportagem da TVI, que refere que quando Paula Brito e Costa, presidente da Raríssimas, foi contactada, a Lift assumiu o papel de intermediário. Agora, a agência assume que participou nessa mediação entre a estação de televisão e a associação, mas sublinha que se tratou “mais uma vez um trabalho pontual, pro-bono, que se extinguiu nesse momento”.

“A Lift apoiou a associação num pedido de entrevista solicitado pela TVI. Foi, mais uma vez um trabalho pontual, pro-bono, que se extinguiu nesse momento. A Lift não tem nem nunca teve um mandato de representação da Raríssimas”, informou a agência, que diz “sempre trabalhou com várias associações de carácter social em regime de pro-bono, de forma pontual ou permanente”.» [Expresso]
   
Parecer:

Na reportagem da TVI o senhor da LIFT portou-se como um verdadeiro Pitbull, agora foge como se fosse uma ratazana.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se a merecida gargalhada.»

 Pobre senhora
   
«A presidente da Raríssimas, Paula Brito e Costa, decidiu deixar o cargo na sequência da polémica gerada pelo alegado uso de dinheiros da associação para gastos pessoais. O caso foi revelado no sábado pela TVI.

Ao início da tarde, em declarações ao Expresso, Paula Brito e Costa disse-se vítima de “uma cabala muito bem feita”.

“Deixo à Justiça o que é da Justiça, aos homens o que é dos homens e ao meu país uma das maiores obras, mas mesmo assim vou. Presa só estou às minhas convicções”, declarou a presidente da Raríssimas.» [Público]
   
Parecer:

Expulsa do Jet Set e a ter que pagar as contas do SPA com o seu dinheirinho.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»

 O outro lado do negócio
   
«A polémica foi conhecida depois de uma reportagem da TVI que denunciava que Paula Brito e Costa teria usado dinheiro da instituição sem fins lucrativos e com apoios públicos em proveito próprio, para fazer compras e ter uma vida de luxo. No momento em que a jornalista da TVI se encontrou com Paula Brito e Costa para a entrevista onde faria o contraditório sobre a gestão do dinheiro, o intermediário entre a associação e a jornalista é o CEO da Lift, Salvador da Cunha, que questiona Ana Leal sobre quais as perguntas que pretende fazer à presidente. Quando a jornalista recusa revelar em concreto quais as questões, o assessor é gravado a chamar-lhe “pulha”.

Segundo a reportagem, Salvador da Cunha assumiu o papel de assessor da Raríssimas depois de Paula Brito e Costa ter cancelado a primeira entrevista agendada com a TVI e ter remarcado um segundo encontro com a jornalista Ana Leal. O CEO da consultora de comunicação pede então à jornalista que lhe forneça as perguntas que pretende fazer à presidente da Raríssimas, o que ela recusa.

Salvador da Cunha também reagiu imediatamente à reportagem no Twitter emitida no último sábado à noite: “A TVI faz emboscada, tem a faca e queijo na mão e faz o frete de uma parte numa guerra de poder”, começou por escrever na rede social. O CEO da Lift acusa o canal de ter usado “provas falsas e exageradas” e ter feito montagens na reportagem. E volta a adjetivar Ana Leal de “pulha”: “Ela foi pulha só de filmar sem autorização uma conversa combinada para contextualizar a reportagem”. Ao Observador, Ana Leal garantiu que todos os presentes na sala sabiam que estavam a ser gravados, mas não quis fazer mais comentários.» [Observador]
   
Parecer:

Esta guerra entre a TVI e uma empresa de comunicação diz muito sobre a podridão que por aí vai.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»