terça-feira, abril 27, 2010

A descoberta da pólvora

Uma das coisas que mais aprecio nos discursos de Cavaco Silva é a sua capacidade para esquecer o seu passado como governante ao mesmo tempo que redescobre permanentemente a pólvora. Ao mesmo tempo que Cavaco descobre a pólvora fico sempre com a sensação de que faço parte de um imenso rebanho de idiotas que anda a pastar por estas bandas da península, uma boa parte dos discursos de Cavaco são dedicados a reproduzir o que já disse no passado mas nós não percebemos, já disse isto no discurso tal, volto a dizer o que disse no discurso tantos.

Cavaco tem sempre soluções para tudo, nós os portugueses e, em particular, os políticos e os governantes que não forem do seu partido é que somos tão fraquitos de cabeça que não alcançamos tão longe. Desta vez lembrou aos portugueses que era necessário apostar no mar, fê-lo com tal convicção que já imagino a Escola de Sagres a dar lugar à Escola da Praia dos Tomates, a praia onde a maré enchia sempre que Cavaco ia tomar banho, tantos eram os membros do corpo de segurança que entravam na água em simultâneo.

Terminado o discurso fiquei a pensar comigo mesmo que Cavaco tinha razão, de repente fiquei a perceber que não somos um Estado do Midwest europeu e que em hora de maré vazia a água quase nos chega aos tornozelos. Então não é que nem reparamos que o mar existe a não ser na hora do “bronze” na Caparica?

Cavaco tem razão, deveríamos investir na investigação e promover cursos de biologia marítima, divulgar aos portugueses a importância do mar e promover uma Expo dedicada aos oceanos, levar as empresas portuguesas e as instituições públicas a investir mais na investigação, promover as ligações rodo e ferroviárias aos nossos portos, modernizar as infra-estruturas portuária e, quem sabe, até investir nalguns submarinos não vá algum iraniano mais endiabrados entrar-nos pelo Tejo adentro sem levar uns balázios quando passar junto ao forte do Bugio.

Enfim, se não fosse o nosso Cavaco este país seria de sequeiro, para não dizer uma imensa seca.