quinta-feira, abril 29, 2010

Umas no cravo e outras na ferradura

FOTO JUMENTO

No Oceanário de Lisboa

O PAÍS VISTO PELOS VISITANTES D'O JUMENTO

Castelo de Vide (por A. Cabral)

IMAGEM DO DIA

[Paula Bronstein/Getty Images]

«FRIENDLY FIRE: Troops were unsuccessful in their attempts to save a solider hit by friendly fire during a clash with antigovernment protesters in Bangkok Wednesday. About 18 people were injured as troops fired rifles and threw tear gas.» [The Wall Street Journal]

JUMENTO DO DIA

Manuela Ferreira Leite

O encontro entre Sócrates e Pedro Passos Coelho é o maior ataque que o actual líder do PSD poderia fazer à sua antecessora, enquanto o PSD de Manuela Ferreira Leite tenta sobreviver reduzindo a vida política a golpes baixos numa comissão de inquérito onde anda de braço dado com a extrema-esquerda, o actual líder diz ao país que mais importante do que chegar ao poder a qualquer custo são os interesses do país, em vez de ataques pessoais opta por dialogar em nome dos interesses nacionais.

Se Manuela Ferreira Leite já tinha morrido politicamente hoje o país foi à missa do sétimo dia, perante o silêncio da antiga líder do lúmpen-cavaquismo e do seu ideólogo da Marmeleira.

O MAU PERDER DO BARCEELONA

COMBATER OS ESPECULADORES

É urgente que a UE crie um mecanismo de compensação financeira que desincentive os especuladores, tal fundo deveria ser automático e activado a partir do momento em que as taxas de juro subissem para além de um patamar determinado por indicadores relativos à economia de cada país.

Sempre que os juros da dívida subissem acima de um montante considerado razoável as economias em causa poderiam aceder a fundos com juros fixados pelo fundo. As economias que violassem as regras ou que aldrabassem as contas públicas para iludir os parceiros europeus não beneficiariam desse fundo e ficariam entregues à sua sorte o que tornaria inevitável a sua saída do espaço euro.

AS PRIMEIRAS VÍTIMAS PORTUGUESAS DAS EMPRESAS DE RATING E DOS ESPECULADORES

Quem ouve as propostas do PCP e do BE e quem assiste aos movimentos grevistas do costume pode pensar erradamente que Portugal é o país mais rico da Europa, o problema é que Sócrates insiste em ter a maldita "política de direita".

Perante a crise dos mercados ambos os partidos ainda esboçaram críticas a declarações do FMI, incomodados pelo impacto dessas opiniões na declaração pública tentaram ludibriar os portugueses insinuando que tudo está bem, isto é, que as suas propostas populistas são viáveis.

Só que Portugal está à beira de uma crise brutal e uma boa parte dos portugueses já o perceberam, a consequência disso foi o silêncio de Jerónimo de Sousa e de Louçã e o esquecimento das suas propostas. Foram as primeiras vítimas das empresas de rating e dos especuladores.

LENINE, SEGUNDO AGUIAR-BRANCO

«O preconceito é a forma mais agressiva de violência e a manifestação mais abstrusa de tolice. A diferença suscita a desconfiança, já se sabe; e o culto da brutalidade nasce dessa espécie de insegurança em si mesmo, própria de quem, afinal, se julga ou se deseja excluído. O preconceito provoca, em todos os sectores, não só o sentimento profundo de incapacidade de saber, como a quebra irreparável dos laços sociais.

Na sessão comemorativa do 25 de Abril, Assembleia da República, o dr. Aguiar-Branco criticou essa figura de intolerância e, sem renunciar às suas convicções (como a seguir se viu), citou Lenine, Rosa Luxemburgo, José Afonso e Sérgio Godinho, mas, também, António Sardinha, corifeu do Integralismo Lusitano. Acontece que, criticando o preconceito, o discurso do dr. Aguiar-Branco criticava a perda de referências culturais que, à Esquerda ou à Direita, goste-se ou não, pertencem ao bragal comum da nossa civilização.

Se compreendo o embaraço das bancadas do PSD e do CDS, tenho dificuldade em entender os risos absurdos do PCP e do Bloco. Ambas as demonstrações conduzem ao mesmo fim. A função simbólica do poder, cuja identificação se revela nas fórmulas paradoxais de eliminar autores ou de os integrar, consoante a "família" política ou estética a que pertencem, divide um património que é de todos. Esse preconceito conduz à queima de livros e à perseguição de escritores e filósofos, de que a História está repleta.

Por que razão Aguiar-Branco não pode citar quem quer que queira, sem suscitar o riso tolo ou o espanto ignaro? Os resquícios de um passado tenebroso emergiram nos comportamentos dos deputados. Sou do tempo em que a Censura suprimia dos textos de jornais e revistas os nomes de Karl Marx, de Engels, de Lenine, de Estaline, e que, nas faculdades, o marxismo era praticamente ignorado. Obrigava-se os portugueses a renunciar ao pensamento, ao cultivo da razão, à adopção do desconhecimento como condição e prática. Servíamo-nos de truques grotescos: Karl Marx era Carlos Marques; Lenine, Vladimir Ilitch.

As proibições, as omissões e as rasuras fazem, infelizmente, parte de uma concepção despótica do mundo, longe de estar extinta. Mas a luta dos valores humanos e culturais é a charneira paradigmática da aventura da liberdade, e prova que, amiúde, aqueles aparentemente "progressistas" são, na realidade, os mais reaccionários.

A TEMPO: Na mesma sessão, o dr. Cavaco proferiu um discurso banal pela ausência de novidade, e medíocre porque é mesmo assim. Quanto ao verdete que ele tem ao cravo vermelho, e ao que o cravo vermelho representa, a crítica ao preconceito, formulada pelo dr. Aguiar-Branco, aplica-se-lhe, por inteiro.» [DN]

Parecer:

Por Baptista-Bastos.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Afixe-se.»

CHAPÉUS HÁ MUITOS

«» [ LiO presidente do Millennium BCP, Carlos Santos Ferreira, desvalorizou esta quarta-feira a revisão em baixa dos 'ratings' dos bancos, na sequência do corte do 'rating' de Portugal."Os ratings são como os chapéus, há muitos", disse na apresentação de resultados do primeiro trimestre da instituição, que recuou 10% para os 96 milhões de euros.

"Temos ratings para todos os gostos. Na Standard & Poor's temos um rating mais baixo que os outros bancos privados portugueses. Na Moody's temos igual ao BPI e na Fitch igual ao BPI, BES e CGD", afirmou Santos Ferreira. [CM]

Parecer:

O problema é que estamos a levar uma chapelada.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se a opinião.»

O PSD MUDOU

«O encontro de urgência entre o primeiro-ministro e o líder da oposição terminou esta quarta-feira pelas 13h20, altura em que os dois vieram prestar uma declaração de união em nome da confiança.

"Decidimos trabalhar em conjunto para reforçar a confiança na economia portuguesa", precisou José Sócrates em São Bento, depois de sublinhar que é esta a forma indicada de resposta ao "ataque especulativo sem fundamento quer ao euro quer à dívida soberana portuguesa".

Mais: Sócrates sublinhou que Portugal fará "tudo o que puder ser feito para atingir os objectivos" e prometeu, tal como Pedro Passos Coelho, de "acompanhar com regularidade e proximidade esta situação financeira.» [CM]

Parecer:

Pedro Passos Coelho fez mais pela credibilidade do PSD num dia do que fez a [doida da] Manuela Ferreira Leite durante um mandato.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se Sócrates e Pedro Passos Coelho.»

TRIBUNAL DE CONTAS TRAMA FORNECEDORES DA CML

«O presidente da Câmara Municipal de Lisboa considerou esta quarta-feira “um erro” e uma decisão “lamentável” a do Tribunal de Contas (TC), que classificou como ilegais os planos de regularização de dívidas da autarquia a fornecedores.

Para António Costa “essa decisão é um erro muito grande” porque, diz, “só num mundo de pernas para o ar, pagar dívidas é ilegal. Acho absolutamente lamentável que o TC, que se demitiu da sua função de controlar financeiramente o município enquanto ele se endividou, que quando se tratou de pagar as dívidas inviabilizou a contratação de um empréstimo, continue a achar que a prioridade do município não deva ser pagar as dívidas aos fornecedores, acho um erro”. » [CM]

Parecer:

Se em vez de luxuosas mordomias, incluindo o absurdo subsídio de residência isento de impostos, os [faz de conta que são] juízes do Tribunal de Contas recebesse como se fossem empregados das empresas fornecedoras da CML não seria difícil de imaginar que as aplicação das regras obedeceria a regras de bom senso. Desta vez António Costa tem razão, onde estavam os meritíssimos do TC na hora em que foram feitas as despesas?

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Este país está cheio de gente do tipo "foi gras" alimentada com o dinheiro dos contribuintes e depois nem o fazem, nem saem de cima. Proteste-se organizando uma manifestação junto do TC para protestar contra as mordomias dos magistrados escriturários..»

COMISSÃO EUROPEIA MANTÉM CONFIANÇA NO PEC PORTUGUÊS

«A Comissão Europeia mantém a confiança nas medidas previstas no Programa de Estabilidade e Confiança (PEC) português, disse hoje o porta-voz do comissário europeu para ao Assuntos Económicos, Amadeu Altafaj.

"Dissemos o que tínhamos a dizer sobre Portugal quando ratificámos o PEC, a 14 de Abril", disse Altafaj, reiterando as palavras do comissário europeu Olli Rehn, que considerou, na altura, que o Governo português apresentou "um programa sério e ambicioso".» [DN]

Parecer:

Uma boa notícia ainda que insuficiente para acalmar os especuladores.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Aprove-se.»

SÓCRATES E PASSOS COELHO FIZERAM O ENCONTRO IMPOSSÍVEL COM MFL E JPP

«À saída da reunião de emergência com o líder da oposição, o primeiro-ministro declarou guerra aos cidadãos que abusam dos subsídios e prestações sociais e anunciou a antecipação já para este ano de medidas previstas no Programa de Estabilidade e Crescimento para 2011.

Sócrates garantiu que o Governo vai " mudar muito rapidamente" as regras do subsídio de desemprego, para acabar com as vantagens dos cidadãos em estarem sem trabalho.» [DN]

Parecer:

Parece que o PSD deixou de apostar no desastre do país como estratégia para chegar ao poder.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Elogie-se o comportamento dos líderes do PSD e do PS.»

FMI DIZ QUE NÃO SE DEVE ACREDITAR DEMAIS NAS EMPRESAS DE RATING

«O director-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Dominique Strauss-Kahn, afirmou hoje que "não se devia acreditar demais" no que dizem as agências de notação financeira ['rating'].

As declarações de Strauss-Kahn ocorrem quando Grécia, Portugal e Espanha acabaram de ver revistas em baixa as notas atribuídas às suas dívidas públicas.» [i]

Parecer:

O problema é que muitos investidores acreditam.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Adoptem-se medidas.»

BELMIRO "SÓ" RECEBEU 347,8 MIL EUROS

«O presidente da Sonae Capital, Belmiro de Azevedo, auferiu ao longo de 2009 um total de 347,8 mil euros, incluindo 93,9 mil euros de prémios.

De acordo com o Relatório e Contas da Sonae Capital, a empresa gastou 863,33 mil euros em remunerações do conselho de administração.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Disto desta forma até ficamos com a ideia de que o dono da SONAE até recebeu menos do que Mexia, mas isso não é verdade, a valorização da SOANE por via dos seus lucros traduziu-se num aumento do património de Belmiro de Azevedo, isto é quanto menos ganha o Belmiro trabalhador mais ganha o Belmiro patrão.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Façam bem as contas.»

BANK OF AMERICA DIZ QUE S&P ESTÁ A ATIRAR GASOLINA PARA A FOGUEIRA

«O Bank of America Merrill Lynch analisa hoje o impacto do corte do “rating” da dívida de Portugal e da Grécia por parte da Standard & Poor’s. O título do estudo é sugestivo: “S&P atira gasolina para a fogueira”.

Numa nota de “research”, a casa de investimento norte-americana refere que a decisão da S&P, que cortou o “rating” de Portugal em dois níveis para A- e o da Grécia em três níveis para BB+, faz crescer o sentimento negativo na dívida dos países periféricos da Europa.» [Jornal de Negócios]

Parecer:

Um dia talvez consigamos saber tudo sobre como funcionam as empresas de rating, receio de que estejamos perante um caso de polícia.

Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Espere-se para ver.»

NO "ALBERGUE ESPANHOL"

O post "não esquecer... para não falhar", por Nogueira Leite:

«Nos últimos meses reiterei que o PSD esteve mal na negociação do Orçamento de Estado de 2010. Disse e escrevi que a sua atitude de óbvia passividade, que desembocou numa abstenção sem condições, era má para Portugal. Foi dito e repetido que o Orçamento para 2010 tinha de ser o ano zero de um Plano de Estabilidade e Crescimento credível e muito mais ambicioso. Que o essencial do ajustamento tinha que ter começado logo nessa altura e não atirado para depois do inicio de 2011.

Não foi essa a opinião da então direcção e de muitas pessoas que na altura associaram estas posições a meros tacticismos internos. Está claro que assim não era e que, como disse na altura, e tenho vindo a repetir à outrance, quanto mais demorarmos a tomar as medidas que têm de ser tomadas, menos vamos ser senhores do nosso futuro.

Não vamos reescrever o passado. Isso fica para os ex-leninistas e para os jihadistas ignorantes e amorais que os seguem... Mas que se percebam bem os erros do passado para não os repetir, nem no presente, nem no futuro.»

SILVIA GEORGIEVA

REPÓRTERES SEM FRONTEIRAS