quarta-feira, novembro 13, 2013

Haja seriedade

Desde que a nossa senhora se lembrou de passar pela Cova de Santa Iria que o país não assistia a tantos milagres, só que desta vez a seriedade com que os milagres nos são vendidos faz lembrar mais os devotos da Santinha da Ladeira. Vítor Gaspar prometeu crescimento no último trimestre de 2011, voltou a fazê-lo em relação a 2012 e no que se refere a 2013 o país já estaria a crescer e a financiar-se nos mercados a preços da uva mijona.
 
O milagre observado por Pires de Lima foi mais um, um homem chegou e viu logo o que ninguém conseguia ver, deu um pontapé numa pedra e saltou logo o milagre económico. Outra coisa não se poderia esperar de um dos gestores com melhor imprensa, coisa fácil em Portugal, com os jornalistas graxistas que temos a boa imprensa dos gestores é proporcional à dimensão dos orçamentos publicitários.
 
O país já foi tão bom como a Irlanda, um exemplo da eficácia da política de austeridade, tem o governo que se comportou da forma mais subserviente com os funcionáriozecos da troika. Multiplicava-se os seminários de divulgação do sucesso português, encomendavam-se estudos ao FMI, o Portas prometia guiões, o Moedas juntava a nata da sociedade para discutirem o Estado dos outros numa sala luxuosa do Palácio Foz.
 
Portanto se Pires de Lima acha que é o maior vidente dos milagres da Santinha da Ladeira está muito enganado, antes deles já muitos tiveram a oportunidade de observar uma autêntica chuva de milagres e nem mesmo o seu grandioso plano industrial é novidade, o Álvaro já tinha feito uma dessas, até andou em Bruxelas a apresentar as suas ideias e deixou um Passos Coelho babado porque a França governada pelos socialistas era uma apoiante e associada do projecto o governo português.
 

O governo fala muito na confiança dos mercados mas a verdade é que se alguém observar com cuidado o que já prometeu em dois anos, os milagres que já conseguiu e a total falta de coerências das suas políticas, depressa percebe que a única política coerente deste governo é a austeridade. Os mercados podem acreditar na austeridade, mas as empresas desconfiam de um governo de crentes na santinha da Ladeira e por mais que Pires de Lima se aproveite de investimentos de modernização de duas ou três empresas, a verdade é eu o investimento estrangeiro abandonou o país.