quarta-feira, novembro 27, 2013

Julgar os crimes da troika

O que se passou em Portugal em matéria de processo de ajustamento foi um golpe contra a democracia, a soberania e o povo de um país de pleno direito da União Europeia e do FMI. O povo português serviu para ser vítima de testes de excessos de austeridade e de experiências conduzidas por economistas medíocres.
Apesar do insucesso os principais responsáveis insistem no discurso do sucesso ao mesmo tempo que propõem dose brutais de austeridade como solução para encobrir as consequências dos seus erros. Não admira que o presidente da Comissão Europeia chegue ao ponto de tentar forçar Portugal a ignorar a sua própria Constituição, que o porta-voz do comissário dos Assuntos Monetários (um tal pitbull de nome Simon O'Connor) ou que a directora do FMI proceda a sucessivas substituições do seu representante em Lisboa.
A troika teve em Portugal um comportamento irresponsável, ilegal e criminoso e se no caso do FMI já se sabe da sua preferência por regimes de ditadura da extrema-direita, já no que se refere à União Europeia é tudo mais grave pois esta foi criada no pressuposto da defesa dos valores democráticos. As políticas defendidas pelo FMI e pela União Europeia, designadamente, pela seita do comissário dos Assuntos Monetárias e pelos economistas obscuros do BCE só são viáveis num clima de ditadura pois têm como pressuposto uma mega transferência de riqueza dos mais ricos para os mais pobres. A política adoptada pela troika para Portugal só tem paralelo no Chile de Pinochet.
Para impor ao povo português uma política económica digna do regime de Pinochet a troika recorreu a um comportamento criminoso que não pode ser ignorado e deve ser alvo de julgamento ao nível nacional e internacional. A troika usou um país para fazer experiências sem, contudo assumir as responsabilidades. A troika manipulou o governo de um país soberano assegurando-se que era um dos seus a conduzir a política económica e a mandar nos restantes membros do governo. A troika ignorou o memorando que ela própria assinou e contando com um governo por ela controlado alterou o memorando de forma opaca e à margem de todos os partidos que o assinaram e das instituições democráticas.

A troika é responsável pelo agravamento da crise financeira, pela violação da soberania, por ter feito um golpe de Estado em Portugal. Os responsáveis pela troika – presidente da Comissão Europeia, presidente do BCE e directora do FMI – não passam de criminosos que devem ser responsabilizados politica e judicialmente pelo sofrimento que impuseram aos portugueses e pela consequências e prejuízos resultantes da política económica que impuseram ao país por métodos pouco claros.