Antes de mais devo esclarecer que uso a palavra aborto sem preconceitos, é-me indiferente que lhe chamem aborto, IVG ou mesmo o termo mais usado pelo povo que é desmancho. Sou contra o aborto e quero que sejam feitos no menor número possível. A realidade é que o aborto clandestino não só é um mal condenável como deve ser combatido com firmeza e neste momento o debate já não está entre a vida e a morte, o haver ou não abortos, o que os partidários do "Não" têm vindo a dizer é que o aceitam e não querem prender as mulheres, desde que seja mantido na clandestinidade.
Deixo aqui as dez razões que me levam a votar "Sim" no referendo:
- Porque os partidários do “Não” estiveram tempo suficiente no poder para fazerem prova da sinceridade das suas propostas.
- Porque as leis são para aplicar e se for mantida uma pena de prisão é essa que os juízes devem aplicar. A solução do “Nim” apenas serve para liberalizar o aborto clandestino.
- Porque os custos psicológicos e físicos de um abordo clandestino, perseguido judicialmente e condenado socialmente são infinitamente maiores.
- Porque se os custos do aborto clandestino forem todos contabilizados (custos administrativos da polícias e tribunais, custos do tratamentos no SNS, perdas de horas de trabalho, etc.) são superiores ao do legal.
- Porque não me cabe a mim condenar uma decisão que à mulher diz respeito e muito menos impor as minhas convicções éticas ou religiosas não aceites pela generalidade da sociedade como padrão do direito penal.
- Porque o aborto clandestino estimula a criminalidade e favorece a evasão fiscal. Admitir o aborto clandestino ao sugerir que se mantenha a lei e fechem os olhos é alimentar o mercado paralelo da saúde.
- Porque desejo que o aborto clandestino seja combatido sem que as vítimas desse combate sejam as mesmas vítimas dessa má solução.
- Porque considero que manter a lei à custa da sua ineficácia serve para estimular o aborto mantendo-o à margem da sociedade.
- Porque é mais fácil tratar problema no SNS do que fazendo de conta que não existe. É mais fácil ajudar uma mulher atendendo-a no SNS do que mandando-a para a clandestinidade ou sugerindo-lhe que se dirija às instituições de caridade (onde muito dos partidários do “Não” usam para redimir os seus pecados).
- Porque não quero que o meu voto seja uma sentença condenatória para mulheres que não tenho o direito de mandar para a prisão, e muito menos que essa prisão sirva apenas para meu conforto condenando pessoas que não conheço em função dos meus conceitos e preconceitos religiosos. Quem sou eu para atirar a primeira pedra?