Os patrões já disseram que não queriam pagar mais um tostão para a Segurança Social, já pagam menos do que deviam e muito mais do que gostariam. Os sindicatos chumbaram a ideia sem grandes delongas. No meio, o Governo engasga-se, sabe que mais cedo ou mais tarde vai ter que mudar as regras que regem um mercado de trabalho dos tempos da Revolução Industrial, mas adia dizendo que há muito a estudar.
Porque são todos contra a “Flexisegurança”?
Os patrões são contra, aceitam a “flexi” mas a “segurança” está a mais, bom seria um mercado de trabalho sem regras e sem quaisquer esquemas contributivos para a segurança social.
A oposição dos sindicatos também é fácil de entender, principalmente a dos sindicatos do PCP, o seu modelo orgazinativo assente em células, líderes sindicais e controleiros políticos dá-se mal com a mobilidade, a solução é a oposição à mudança. Os mesmos sindicatos que disseram cobras e lagartos da legislação laboral introduzida por Bagão Félix não tardarão muito a tornarem-se nos líderes da sua defesa. Incapazes de mudar, os nossos sindicatos apostam a sua sobrevivência no imobilismo económico, acima do interesse dos trabalhadores está o poder das estruturas partidárias que vivem das estruturas sindicais e dos disfarces que estas proporcionam.
Para o Governo só é bom o que dá lucro imediato, só consegue ver a longo prazo se estiverem em causa lucrativas obras públicas do tipo gasta agora e paga mais tarde, o que pode resultar e despesa sem resultados a curto prazo fica para um horizonte temporal que não colida com a gestão dos calendários eleitorais. O longo prazo mede-se pelo impacto das decisões nos próximo défice orçamenta, eos ministros não passam de "patrões de costa", temem navegar sem terra à vista.
Talvez se compreenda que Cavaco Silva tenha ido falar do tema para o local mais longínquo possível de entre os que a sua agenda diplomática proporcionou.