Sempre que se questiona sobre a causa do atraso português a resposta é invariavelmente a mesma, à frente de todo os males aparecem os políticos. Desta forma os portugueses, que até vivem em democracia e são eles que escolhem os políticos, ilibam-se de responsabilidades enquanto cidadãos e enquanto Nação.
Quando se centram as culpas nos políticos estamos a esquecer que o problema é mais vasto do que as fraquezas da nossa classe política, Portugal tem uma profunda crise de elites, se é que podemos dizer que temos elites.
Na cultura assistimos à dependência dos subsídios, os empresários só sabem reivindicar salários baixos, nas universidades são muitos os que por lá andam para ter mais fácil acesso ao conhecimento que vão negociar com as empresas, os banqueiros até nos arredondamentos roubam os clientes, os jornalistas publicam o que vende, o militares fazem passeios na Baixa, e até temos um prémio Nobel que preferiu as Canárias e só cá vem para nos assegurar que Cuba fica entre o Céu e o Paraíso.
O nacionalismo é coisa dos pobres e mesmo assim limitado à bola, para as chamadas elites o grande objectivo é amealhar o mais possível enquanto o país ainda vai dando alguma coisa, ter um apartamento de luxo, passar a noite de Ano Novo no Brasil e encher a garagem de carros de luxo é o grande objectivo.
Portugal não tem elites à altura dos desafios que enfrenta e, pior do que isso, tem algumas personagens a que o destino proporcionou uma posição de destaque e que se aproveitam disso para defender os seus pequenos interesses em prejuízo do país. Não importa que o país não se desenvolva, que os nossos filhos vão para o estrangeiro, que todo um povo perca a esperança, as nossas elites amanham-se como e enquanto podem.
É tempo de Portugal renovar as suas elites, pondo fim a um dos piores ciclos da sua história.