O modelo económico actual já tem pouco de semelhante com o saído da Revolução Industrial, tirando o facto de algumas das classes sociais serem as mesmas que estiveram na origem ou resultaram dessa transformação económica, quase tudo mudou, as poucas semelhanças resistem em sectores industriais que estão a desaparecer com a globalização.
As organizações políticas e sociais têm revelado uma grande dificuldade em perceber e aceitar um processo de adaptação a essa mudança. Veja-se, por exemplo, a estratégia sindical do PCP, já não é no meio dos metalúrgicos, dos assalariados agrícolas que se aposta, longe vão os tempos da vanguarda da classe operária da little RDA da margem sul, as prioridades agora são os funcionários públicos e, ironia do destino, pertencem às polícias e a magistraturas as novas lideranças do movimento sindical. O grande adversário deixou de ser o patrão empresário para passar a ser o patrão Estado.
As relações laborais não mudaram por causa das leis, mudaram porque tudo mudou na economia e até o conceito de “exploração do proletariado” deve ser reequacionado, qualquer trabalhador tem mais a ganhar se não for obrigado a pagar impostos exagerados ou não for roubado enquanto consumidor do que conseguindo mais 1% de aumento salarial depois de fazer quinze dias de greve.
É evidente que um banco ganha mais se todas as semanas cada um dos seus trabalhadores trabalharem algumas horas não remuneradas, mas ganham muito mais com truques para roubar os seus clientes e nesse esforço até conta com a colaboração dos seus empregados, muitos deles mais estão mais empenhados em prémios de produtividade do que em aumentos salariais. Os lucros resultam mais das taxas abusivas, das taxas administrativas, dos arredondamentos e das múltiplas formas para ficarem com o dinheiro dos seus clientes do que de pagarem menos 10 ou 15% aos trabalhadores. O mesmo pode dizer-se dos lucros de muitas das nossas empresas desde as do Belmiro de Azevedo à PT, que aquele pretende comprar ao preço da uva mijona.
As organizações políticas e sociais têm revelado uma grande dificuldade em perceber e aceitar um processo de adaptação a essa mudança. Veja-se, por exemplo, a estratégia sindical do PCP, já não é no meio dos metalúrgicos, dos assalariados agrícolas que se aposta, longe vão os tempos da vanguarda da classe operária da little RDA da margem sul, as prioridades agora são os funcionários públicos e, ironia do destino, pertencem às polícias e a magistraturas as novas lideranças do movimento sindical. O grande adversário deixou de ser o patrão empresário para passar a ser o patrão Estado.
As relações laborais não mudaram por causa das leis, mudaram porque tudo mudou na economia e até o conceito de “exploração do proletariado” deve ser reequacionado, qualquer trabalhador tem mais a ganhar se não for obrigado a pagar impostos exagerados ou não for roubado enquanto consumidor do que conseguindo mais 1% de aumento salarial depois de fazer quinze dias de greve.
É evidente que um banco ganha mais se todas as semanas cada um dos seus trabalhadores trabalharem algumas horas não remuneradas, mas ganham muito mais com truques para roubar os seus clientes e nesse esforço até conta com a colaboração dos seus empregados, muitos deles mais estão mais empenhados em prémios de produtividade do que em aumentos salariais. Os lucros resultam mais das taxas abusivas, das taxas administrativas, dos arredondamentos e das múltiplas formas para ficarem com o dinheiro dos seus clientes do que de pagarem menos 10 ou 15% aos trabalhadores. O mesmo pode dizer-se dos lucros de muitas das nossas empresas desde as do Belmiro de Azevedo à PT, que aquele pretende comprar ao preço da uva mijona.
Vem este comentário a propósito da campanha lançada pela AEP para que compremos português, objectivo muito saudável e que merece atenção, apesar de os portugueses serem bem mais nacionalistas a aplaudir um golo do Deco a favor da selecção nacional do que a comprar um quilo de batatas. Quando a Opel humilhou o país delocalizando a sua fábrica da Azambuja para o país vizinho defendi que se os consumidores portugueses reagissem não comprando à Opel as contas desta teriam sido diferentes, mas os administradores daquela empresas conheciam muito bem a vocação ovina de muitos dos nossos concidadãos e as suas vendas não se deverão ter ressentido do seu seu gesto.
Mas vou comprar português porquê? Nem quero imaginar como me sentiria se comprasse um produto português por ter sido cá fabricado e ficasse a saber que graças aos lucros obtidos graças ao fervor nacionalista o empresário fosse a correr comprar um carro alemão de topo de gama. E como me sentiria se comprasse um produto e no dia seguinte lesse num jornal que os portugueses que o produziram tinham os salários em atraso?
É preciso dizer que aplicado às empresas e empresários o conceito de nacionalismo deve ser muito mais do que uma etiqueta com as cores nacionais, implica ser um empresário com preocupações sociais e que cumpre com todas as suas obrigações. Esperemos que os portugueses sejam mais exigentes enquanto consumidores do que o são enquanto trabalhadores. Além disso, é mis saudável que os portugueses comprem produtos nacionais pela sua competitividade e qualidade do que pelo bilhete de identidade dos empresários.