segunda-feira, julho 01, 2013

Umas no cravo e outras na ferradura


 
   Foto Jumento
 
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Flor do Parque da Bela Vista, Lisboa

 Cá se fazem cá se pagam
   
O único sucesso que este governo tem para exibir aos portugueses é ... o Magalhães agora disfarçado de Camões para que Passos Coelho não sofra de urticária e Cavaco possa usá-lo para fazer as contas que o levam a apoiar o governo, a prever crescimento no segundo semestre deste ano e a acreditar que o governo cumpre as metas do défice. Depois de o Portas lhe chamar Camões só falta vir o académico Maduro e sugerir que em vez de azul o Camões passe a ser cor de laranja. 
   
 Mentirosos e negligentes

A secretária de Estado afirmou no parlamento que o governo anterior não deu conta das swaps na passagem das pastas, agora que Teixeira dos Santos desmentiu o ministro Gaspar vem dizer que a informação foi incompleta. A conclusão é óbvia: a secretária de Estado mentiu e/ou o ministro foi negligente.
  
Só um imbecil acredita que num dossier de risco a secretária de Estado falasse de forma espontânea, sem ter combinado nada com o ministro. É evidente que a estratégia foi combinada e se assim foi o ministro pode ter colaborado com a mentira. Convencidos de que o ex-ministro Teixeira dos Santos está zangado com o PS e manteria o silêncio os governantes das Finanças ficaram contentes com a mentira da secretária de Estado, sem qualquer contestação o ministro achou que tinha passado.
 
Só quando Teixeira dos Santos veio a público o ministro das Finanças achou que devia repor a verdade admitindo que o assunto foi abordado na passagem das pastas. A forma como o fez foi pouco honesta, o que estava em causa não era a exactidão ou insinuar que Teixeira dos Santos ocultou dados, o que está em causa é algo mais óbvio, a secretária de Estado mentiu ao parlamento de Portugal e por isso deve ser demitida, já que a senhora parece muito agarrada ao lugar e não terá a iniciativa de pedir a demissão.
     


 O governo que derrotou Marx
   
«1. A greve geral de quinta-feira repetiu vários dos sinais das anteriores. Mais uma vez ficou bem visível a pouca implantação dos sindicatos nos trabalhadores da actividade privada. Muitos anos de erros na maneira de olhar para a actividade sindical nas empresas, a pouquíssima atenção dada aos desempregados e aos que tentam entrar no mercado de trabalho contribuíram decisivamente para a profunda crise do movimento sindical no sector privado (e não só) e logo num momento em que eram precisos sindicatos fortes e conscientes dos novos desafios que a comunidade enfrenta.

Depois, num momento em que se vive sérias dificuldades, os trabalhadores pensam duas vezes antes de fazer greve para não agravar os problemas das suas empresas. No sector público, os despedimentos anunciados são, como é evidente, um forte incentivo ao não exercício do direito à greve. No entanto, e apesar de tudo isto, a greve geral fez-se sentir. Mais do que a guerra de números dos sindicatos e Governo, fica a sensação da expressão dum enorme descontentamento. Fica a imagem de gente que mesmo com grande sacrifício pessoal fez greve e de outra gente que não fez mas que concorda com os seus motivos.

Houve, no entanto, uma enorme novidade nesta greve geral, algo de que em Portugal não havia memória: às principais centrais sindicais juntaram-se as associações patronais - o barulho de Marx e Engels a darem voltas na campa foi tão grande que deve ter chegado a Lisboa.

Não é que estas associações já não tivessem mostrado, e não por poucas vezes, a sua profunda oposição ao caminho que o Governo está a prosseguir. Os empresários sabem o que está a ser feito à economia portuguesa, vivem-no no dia a dia. Eles sabem onde ficaram as reformas prometidas, a desburocratização e toda a questão dos custos de contexto. Eles sabem para onde a carga fiscal está a empurrá-los. Eles sabem onde pára o crédito. Mas sabem sobretudo que sem clientes não há empresas que resistam.

Sim, eles sabem isso tudo e também sabem que muitos dos males que os afligem não são de agora. O que é de agora é o limite a que estão a ser levados. Se o Governo não percebe o limite a que estão a ser levados os empresários para, no fundo, apoiarem uma greve é porque já não percebe nada. Se o Governo não percebe o significado político e social de patrões e sindicatos se mostrarem unidos contra as opções do Governo, é porque o autismo é completo.

Na mesma quinta-feira, os patrões e os sindicatos portugueses tiveram um apoio, para alguns, inesperado: os partidos que suportam o Governo aprovaram seis de dez propostas apresentadas pela oposição. E que clima se viveu na Assembleia da República: digamos que parecia que ia ser votado um voto de louvor a uma qualquer figura nacional ou internacional consensual, tal era a afabilidade e a cooperação.

Enquanto o ministro Marques Guedes afirmava respeitar mais uns trabalhadores do que outros, no Parlamento, um vice-presidente da bancada social-democrata, Luís Menezes, dirigindo-se aos socialistas, lembrou que "é muito mais o que nos une do que o que nos separa" e chegou mesmo a mostrar compreensão pela proposta para a reposição do valor do IVA da restauração. As perguntas são inevitáveis: alguém tinha avisado o Governo de que iam ser votadas favoravelmente estas propostas? Vítor Gaspar e Passos foram postos ao corrente? Concordam?

Parece que não. Sábado, a TSF divulgava um documento do Ministério das Finanças no qual se arrasam por completo as propostas dos socialistas. As tais que foram aprovadas pelos deputados sociais-democratas e centristas...

Um dia antes, talvez por nessa altura o primeiro-ministro não se encontrar a uns milhares de quilómetros de distância, Luís Montenegro desmereceu as propostas qualificando-as de desilusão. Mas isso seria o menos. Nesse mesmo dia tínhamos visto um primeiro--ministro inflexível com a oposição, sem vontade de ouvir o que quer que fosse e mostrando uma violência no discurso ainda não ouvida. A intolerância com a oposição foi tanta que o CDS se sentiu incomodado e apelou ao diálogo.
A greve geral consagrou definitivamente o total isolamento do Governo. Estes episódios no Parlamento deixaram transparecer o sentimento de profunda desilusão com a governação que percorre o PSD.
Existe de facto um consenso e não há dia em que não cresça.» [DN]
   
Autor:

Pedro Marques Lopes.
   
   
 Até a CAP
   
«Em entrevista ao Gente que Conta, programa de entrevistas conduzido por João Marcelino, diretor do DN, e Paulo Baldaia, diretor da TSF, João Machado assume que a concertação social está em risco porque o Governo quer seguir um rumo diferente do dos restantes parceiros. Lamenta que o Executivo de Passos Coelho não tenha "coordenação política" e reclama uma postura mais forte na negociação com as entidades que financiam o País, dizendo que as metas impostas, ao nível da dívida e do défice, não são "credíveis nem exequíveis".

Defende que uma baixa do IRC terá de ser ponderada seletivamente, pedindo que o Governo tenha como prioridade descer o IRS. E assume que uma postura mais interventiva do Presidente da República seria capaz de tranquilizar os portugueses. Quanto à agricultura, diz que a reforma agrícola para os anos de 2014-2020 prevê menos verbas para os agricultores nacionais, ainda que incentive os produtores europeus a aumentar a produção.» [DN]
   
Parecer:

Desta vez o PSD não tem o apoio das mocas de Rio Maior.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Estamos como o Gaspar, já não acertamos uma
   
«A Disfunção Erétil (DE) afeta milhões de homens em todo o Mundo e em Portugal serão mais de 500 mil os que sofrem com esta doença. O Estado não comparticipa a medicação, e com a crise muitos são os doentes que desistem do tratamento. Os remédios para um mês podem custar cerca de 87 euros.» [CM]
   
Parecer:

É a vingança do Gasparoika, não aceitamos o que ele quer e ele tira-nos o subsídio de férias e deixamos de comprar remédios para a pica.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Sorria-se.»
   
 Querem saber o que o Gaspar defende?
   
«Segundo aquele semanário, um documento interno do ministério das Finanças alemão defende que a situação de debilidade económica da Zona Euro não permite que os Estados "se desviem" da linha de consolidação orçamental que, segundo Berlim, tem dado resultados positivos.
   
O Der Spiegel avança os exemplos dos governos português e espanhol, recordando os esforços do ministro português da Economia, Álvaro Santos Pereira, no sentido de fomentar o crescimento económico e incentivar o consumo e os investimentos.» [DN]
   
Parecer:

Basta saber o que os alemães dizem.
   
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «Dê-se conhecimento ao obediente Gaspar.»