O governo costuma usar as exportações como símbolo do seu sucesso, tem mesmo um ministro que parece ter sido designado só para ler estatísticas do comércio externo e fazer figuras tristes e ridículas no parlamento. Serão as exportações ou o aumento destas um sinal de sucesso deste governo?
Se as exportações resultassem de uma reorientação do investimento nacional de sectores asfixiados pelas políticas governamentais para sectores exportadores isso seria um bom sinal. Mas parece que nem as empresas de construção civil se converteram em produtores de televisões nem os donos dos restaurantes que fecharam se dedicaram à produção de processadores.
Se as exportações tivessem resultado de um aumento da competitividade em consequência da liberalização da legislação laboral poder-se-ia elogiar o que foi feito neste capítulo. Mas a verdade é que mesmo sectores tradicionais com o do calçado promoveram aumentos salariais, pelo que não há sinais de uma relação entre o suposto aumento da competitividade externa e a liberalização do mercado de trabalho.
Seria positivo se o aumento das exportações tivesse resultado de uma mudança de políticas governamentais, designadamente do turismo económico de Paulo Portas e da sua rapaziada do CDS ou mesmo do muito elogiado ex-presidente do AEICEP. Mas a verdade é que as exportações de gasóleo, de electricidade produzidas por renováveis ou de automóveis em nada depende dos passeios de Paulo Portas ou das grande embaixadas promovidas pro Cavaco Silva a destinos turísticos de luxo.
Seria bom se as exportações resultassem da promoção da imagem do país de sucesso que superou a crise tão do agrado de Passos Coelho mas a verdade é que um aumento de exportações em resultado de se produzir um novo modelo numa fábrica de automóveis, do aumento da produção de energia renovável ou da produção de gasóleo resulta de investimentos avaliados, decididos e implementados num horizonte temporal que vai muito para além da entrada em funções deste governo.
Se o aumento das exportações resultasse da busca de novos mercados em resultado do aumento da capacidade produtiva instalada ou dos investimentos no aumento da produtividade, isso seria uma excelente sinal. Mas o aumento das exportações ocorre numa fase de desinvestimento, com as empresas sem recursos financeiros e com muitas delas a encerrar, isto é, o aumento das exportações com a mesma capacidade instalada significa apenas que algumas empresas tentam sobreviver à asfixia da procura interna.
O aumento das exportações resulta do esforço das empresas e da procura externa. Se o governo se quer gabar de ser o responsável pelo resultados do trabalho alheiro terá de demonstrar que foram as suas políticas, os investimentos que promoveu ou ajudou a realizarem ou a promoção da imagem do país que conduziram a esse aparente sucesso.