terça-feira, dezembro 09, 2014

Sindicalismo miserável

Depois destes anos muitas das estruturas sociais do país terão de ser objecto de uma profunda reflexão e entre estas o sindicalismo não escapará a um debate que questione o papel quase miserável que teve durante estes anos. Se não fossem as habituais encenações de poder popular promovidas pelo PCP ou o protagonismo miserável dos responsáveis da UGT nem se teria dado pela existência dos famosos “representantes dos trabalhadores”.

Compare-se, por exemplo, o desempenho do conhecido Mário Nogueira durante o anterior governo e aquele a que temos assistido nestes anos. Por causa da avaliação foi o que foi, uma verdadeira revolta, manifestações, denúncias de invasões dos sindicatos por polícias só porque ia lá um agente perguntar pelo percurso dos autocarros. Mas quando estava em causa o aumento do horário de trabalho, o aumento de alunos por turma, o despedimento de professores aos milhares, a realização de exames visando excluir professores do acesso a uma profissão que já exercem, o Mário Nogueira limitou-se a uns guinchos.

Qual o porquê de tão grande diferença de actuação por parte de alguns sindicatos? A razão é simples, porque uma coisa é o governo cortar brutalmente no número de sindicalistas pagos com o dinheiro dos contribuintes ou pelas empresas a troco da paz laboral, outra é despedir trabalhadores. Governo que queira a paz com os sindicatos não deve questionar os direitos dos sindicalistas, deve facilitar acordos de empresa onde o principal capítulo são as contrapartidas para o exercício dos direitos sindicais, deve facilitar o pagamento das indemnizações de despedimentos sobre as quais incidem  os “impostos” dos sindicatos.

Mas o aspecto mais miserável do sindicalismo tem sido observado nos últimos dias sem quase se dar por isso. Veja-se o oportunismo do sindicato dos guardas prisionais que se aproveitou da prisão de Sócrates para obter benefícios. Longe tão os tempos em que os sindicatos questionavam os regimes e os seus abusos, agora aproveitam-se de tudo para obter contrapartidas e neste caso só falta ao sindicato tirar fotografias para vender aos jornalistas.

Um outro caso que quase passou despercebido foi de do sindicato dos inspectores da PJ e de um outro, uma verdadeira aberração sindical, o sindicato dos magistrados do Ministério público. Mesmo em cima do acontecimento assinaram um protocolo para tentarem que a PJ passe a ser um braço armado do MP; mais ou menos o mesmo que o MP fez da AT no caso da detenção de Sócrates. Parece que o MP não quer nada nem ninguém a controlar a PJ e uma altura em que o sistema foi posto em causa por um processo destinado a difamar a democracia é a ideal para apanhar os políticos em situação de fraqueza.

Temos sindicatos para defenderem o estatutos dos sindicalistas, temos sindicatos para encher de vaidade dirigentes imbecis que dão o cu e cinco tostões para se pavonearem nos palacetes do pdoer, temos sindicatos soviéticos para gerirem o poder. O problema é que temos cada vez menos sindicatos preocupados com os trabalhadores.