Durante quatro anos a política económica foi conduzida pela escola de Massamá, trata-se de uma corrente económica que assentava na ideologia de discoteca de Pedro Passos Coelho, à qual um ambicioso Vítor Gaspar tentava dar coerência técnica, enquanto Álvaro Santos Pereira, que só queria que o tratassem por “sôr Álvaro” servia de ornamento. Vítor Gaspar reconheceu o falhanço e o Sôr Álvaro foi-se em bora, o primeiro foi substituída pela pouco habilitada Maria Luís, o segundo por um mago das estatísticas que saiu de uma garrafa de Superbock a que Passos terá dado um pontapé na praia da Manta Rota.
O cenário macroeconómico da Escola de Massamá dispensava economistas, bastava um curso de mercearia para adoptar um programa. EM relação ás empresas, uma bandeira de Paulo portas agora confirmada pelo candidato a candidato Marcelo, a tese é elementar, o ministério da Economia nada tem que ver com empresas, os ministro serve apenas para ir a feiras, ler estatísticas simpáticas e dizer baboseiras. Para a Administração Pública a solução estava em cortar salários, aumentar horários de trabalho e retirar direitos, enquanto na Segurança Social tudo se resolvia cortando nas pensões.
Foi este modelo primário que dominou a política económica e é confirmado no Plano de Estabilidade recentemente aprovado, o país é gerido como se fosse uma mercearia, obedecendo a uma lógica digna de um taberneiro. O governo nunca aceitou discutir o que queria do país, a suas soluções assentavam na lógica salazarista dos cofres, ainda que o ouro dos judeus tenha agora sido substituído pelo dinheiro a crédito facilitado pelas políticas do BCE conta as quais os governo português sempre foi contrário.
Mas o PS surpreendeu Passos e Portas e de um dia para o outro chovem notícias assegurando que o PSD e o CDS também contam com economistas melhor habilitados do que a Maria Luís, os jornalistas amigos têm-se desdobrado na divulgação dos nomes e habilitações dos economistas convidados pelo PSD e CDS para dar brilho ao pensamento económico de Passos Coelho. O governo não terá sido apanhado totalmente de surpresa pois a abrupta proposta de baixar a TSU dos patrões mais não foi do que uma reacção a uma dica que lhes terá chegado aos ouvidos de que o PS se prepararia para fazer propsstas neste domínio.
Agora-se sabe-se que uma tal Inês Domingos não esteve no Expresso da Meia-Noite a contrariar as propostas de Mário Centeno numa posição de independente. Não é criticável que a senhora tenha as suas próprias ideias, mas digamos que seria mais honesto dizer ao que ia fazendo uma declaração de interesses. Aliás, a mesma senhora já tinha tido a mesma postura no Observador, onde se integrou na barreira de artilharia contra o estudo dos economistas convidados pelo PS.
Agora temos uma situação curiosa, todos sabemos o que Passos Coelho e Paulo Portas querem nos mais diversos domínios, na economia o governo já se comprometeu para mais quatro anos e o que Consta no PE enviado ou a enviar para Bruxelas mais não é do que o excesso de troikismo defendido por Passos Coelho ao longo destes anos. Por outras palavras, o programa económico de Passos Coelho para a próxima legislatura está já claramente definido, as medidas já estão totalmente desenhadas. Não foram necessários estudos e simulações, Passos quer continuar aquilo que começou e que lhe foi sugerido por Vítor Gaspar.
Se assim é o que vão fazer os economistas que o PSD e CDS arregimentaram à pressa para dar consistência às ideias de Passos Coelho? A verdade é que vão fazer uma figura triste pois estão obrigados a dizer que todos os seus estudos e qualificações só servirão para confirmar as teses económicas do ideólogo de Massamá e da iletrada do Terreiro do Paço.
No passado Portugal serviu de banco de ensaios para uma tese de dois economistas americanos que publicaram um livro que na versão portuguesa foi honrosamente prefaciado por um vaidoso Vítor Gaspar, mas que se veio a provar que assentavam em dados falseados. Agora Passos Coelho recorre a economistas disponíveis para dizer que todas as suas ideias são brilhantes e dignas do estatuto de profecias divinas. Enfim, os economistas da Coreia do norte não fariam melhor. Não sei se na Coreia há a versão Pyongyang da Escola de Chicago, por cá parece que está instituída uma Escola de Massamá que segue um princípio muito simples, o inteligentíssimo chefe e a sua ajudante pouco habilitada decidem primeiro e os economistas só fazem os estudos depois.