terça-feira, abril 21, 2015

E se o Mediterrâneo secasse?

Os EUA construíram um muro para impedirem a invasão de emigrantes vindo do México e de todas a América Latina, Israel fez o mesmo para se proteger dos Palestinianos, na Europa já começaram a surgir novos muros para proteger aqueles que dantes estavam do lado de lá de outros muros de emigrantes, só a Europa ainda não precisou de um muro porque tem o Mediterrâneo.
  
Mas se o Mediterrâneo secasse como um dia terá sucedido ao Mar Vermelho para que Moisés conduzisse o seu povo para Israel a Europa seria invadida por vagas sucessivas de emigrantes  e cairia da mesma forma como o império romano caiu às mãos das hordas dos hoje enriquecidos alemães. Mas o Mediterrâneo protege a Europa da miséria humana que promoveu a sul e os nórdicos liderados pela Alemanha pode estar mais preocupados com as disputas imperiais a leste do que com os milhares que morrem afogados  no Sul.
  
A Europa invadiu o Norte de África por mais de uma vez, por ali disputou algumas da maiores batalhas da II Guerra Mundial, desenhou fronteiras e inventou Estados a régua e esquadro, invadiu e depôs governos sempre que os seus interesses estiveram em causa. Ainda há bem pouco anos destruiu o Iraque, promoveu a destruição da Síria, bombardeou a Líbia e ia lançando o Egipto na confusão. A norte do Sahel só Marrocos se escapou desta combinação perigosa entre a estupidez e o oportunismo europeu e americano.
  
Cada vez que o Ocidente decide “libertar” os países do Norte de África semeia a destruição, a desagregação e a corrupção e ao fim de décadas desta política o resultado está à vista, a Palestina não passa de barracas entre colunatos israelitas, a Síria está sendo assassinada aos poucos, o Líbano já não conta para nada, o Iraque está nas mãos do Estado Islâmico, a Líbia quase desapareceu. Graças à pilhagem dos arsenais na Líbia, Síria e Iraque o extremismo islâmico tem hoje um exército de dimensão mundial e lança o terror desde a Nigéria à Líbia e desde o Afeganistão a Paris. Foi este o resultado das invasões libertadoras e das primaveras promovidas por jornalistas que fugiram espavoridas depois de terem levado uns apalpões no rabo em plena Praça Tahrir.
  
Escaparam-se o Egipto onde os militares acabaram com as brincadeiras primaveris promovidas por idiotas americanos e franceses e o Egipto onde ingleses e americanos só fizeram asneiras ao longo de anos. Agora as consequências estão à vista, quase todo o norte de África nas mãos de extremistas e vários países  totalmente destruídos. Agora o Hollande já não manda bombardear sem pedir a opinião de ninguém e exige reuniões europeias, mas quando quis bombardear Tripoli  ajudando os extremistas a tomarem conta da Líbia não precisou da opinião dos seus parceiros.
  
De asneira em asneira os países do Mediterrâneo caminham para uma crise de grandes dimensões, a norte é a crise económica e financeira, a sul assiste-se a uma crise humanitária. Mas a Alemanha e os países ricos estão mais preocupados com os territórios dos russos da Ucrânia e com a sanções a Putin.