Portugal teve uma saída limpa, o que se passa com as exportações é um milagre, os cofres estão cheios de dinheiro, o SNS está melhor do que dantes, a economia quase não cresce mas cria emprego a um ritmo digno de taxas de crescimento com dois dígitos, as sondagens do Marco António apontam para uma vitória clara do PSD e Passos Coelho acredita numa maioria absoluta.
As estatísticas virtuais de Passos Coelho, Pires de Lima, Lambretas, Maria Luís e Paulo Macedo são claras, Portugal consegue criar emprego sem crescimento económico, consegue melhorar o SNS encerrando enfermarias, cortando nos medicamentos e reduzindo o pessoal clínico, enche os cofres de ouro mantendo défices orçamentais acima do acordado com a troika ao ponto de Salazar se roer de inveja dentro da sua cova, consegue iniciar um novo ciclo e crescimento sem investimento público nem investimento privado.
Os pobres estão mais pobres mas sentem-se ricos como nunca se sentiram, os desempregados chegam ao fim do dia de trabalho canados e só se sentem aliviados quando toca a sirene da saída, os doentes morrem felizes porque, como diz o ajudante do Paulo Macedo, estão amontoados e sem tratamento mas confortavelmente instalados.
O país vive feliz e de barriga cheia fazendo lembrar aquele pai extremoso que para dar o jantar aos filhos metia o primeiro ao colo e perguntava-lhe “filho, não comias agora um bife com um ovinho a cavalo?” ao que o filho respondia “ai pai, se comia!”. Filho não bebias agora um suminho de laranja?”, “ai pai se comias!”. Filho “o que dizias a um pratinho de arroz doce?” “Ai pai que bom que era”. Por fim a criança adormecia e o pai gritava para a mãe “Ó Maria trás outro que este já jantou!”.
Sem nada para prometer a não ser mais mentiras Passos Coelho decidiu recusar a realidade e assentar o discurso num país que não existe, numa realidade virtual feita pelos pantomineiros que compõem o seu governo. O Pires de Lima inventa sucessos económicos, o Lambretas inventa emprego, a Maria Luís inventa barras de ouro , o Opus Macedo vai inventado doentes curados que um dia encherão a sua missa de acção de graças na Sé de Lisboa. Este governo acaba como começou, começou com um Miguel Relvas inventando uma licenciatura e acaba com um Passos Coelho criando uma realidade virtual, confundindo a realidade com aquilo que um dia Vítor Gaspar lhe disse que seria o resultado das suas experiências mengelianas.
Algo está errado em Passos Coelho, dantes pedia desculpa pelo que fazia, prometia que iria devolver o que tirava, agora passou-se, tem graves problemas na sua percepção da realidade, começa a apresentar sintomas de quem está mal da mona. Numa anedota o puto que ia na carroça com pai e viu a avó na berma da estrada perguntou "ó pai o que faz ali a avó com o Finantial Times?" a que o paí respondeu "ela não sabe falar inglês, provavelmente vai cagar!". Com o Passos é mais ou menos a mesma coisa e o filho perguntaria "como é que o Passos vê tudo isso que eu não vejo?" a que o paí responderia "se não traz os óculos especiais da realidade virtual é porque deve ter batido com a mona nalguma parede!".