Esta semana a ERC falou de corrupção na comunicação social e
questionou a legalidade dos sorteios promovidos a toda a hora nas televisões,
incluindo os canis da televisão pública. As televisões superaram a falta de
receitas de publicidade transformando-se em casinos ilegais onde a toda a hora
se promove o jogo, recorrendo a um marketing mais do que agressivo, enchendo os
seus cofrs com lucros fáceis de um jogo em que não há quaisquer contrapartidas
sociais. Mas, mais grave do que a denúncia foi o silêncio que se fez.
Nenhum membro do governo comentou o assunto, nenhum partido
levantou o problema e nem mesmo Santana Lopes, provedor da Santa Casa, abriu o
piu, nem sequer no seu blogue, como explicar isto? A explicação é simples, quem
abrir a boca e puser em causa um negócio que alimenta os lucros das televisões,
que ajuda a enriquecer os apresentadores e a que os comentadores ganhem
principescamente assina o fim da sua carreira.
Em Portugal quem se mete com a comunicação social leva e o
poder que os jornais e televisões têm neste mundo de promiscuidade entre
poderes, de acesso fácil aos segredos dessa coisa a que estupidamente
insistimos em designar por “Justiça”, de acesso livre aos segredos fiscais de
cada um e de generalização de escutas, permite-lhes destruir qualquer político
em meia dúzia de dias.
Recordo-me da perseguição que alguns membros do blogue
Simplex com base na leitura dos emails trocados entre os seus membros e que um
asqueroso que tinha participado vendeu aos jornais. Os nossos jornalistas não
só não tiveram qualquer pejo em ler correspondência pessoal, como o asqueroso
ainda teve direito a uma coluna durante algum tempo no jornal Público. O
direito à privacidade e o respeito dos direitos constitucionais é coisa que não
assiste aos jornalistas.
No país em nem o Presidente d República se escapa à devassa
dos seus dados fiscais pela Visão, um órgão de comunicação social pertencente a
um antigo presidente do PSD e quem ouse acabar com isso é queimado na praça
pública e com aplauso parlamentar o melhor é ficar calado e não ousar atacar um
poder que se alimenta da destruição de cidadãos comuns, de políticos e da
própria democracia.
No passado Portugal teve grande jornais e grandes
jornalistas, capazes de ser um contrapoder em tempo de ditadura. Hoje o
jornalismo vive em concubinado corrupto com os que estão no poder, ajuda-os a
manterem-se ou a derrubá-los se não lhes fizerem a vontade. Sócrates meteu-se
com este poder e os resultados estão á vista, entre os primeiros empresários
recebidos por Passos a seguir às eleições foram os donos da comunicação social.
É por isso que a comunicação social instalou um imenso casino
ilegal que não paga impostos sobre o jogo, que não tem percentagens ara
prémios, que não dá contrapartidas sociais, que não respeita regras de
publicidade e tudo isto à luz do dia e na maior das impunidades.