Jumento do Dia
Ao dizer que Núncio demonstrou uma grande elevação de carácter ao assumir responsabilidades políticas no caso das transferências para as offshore , Assunção Cristas mostra que tem um conceito de "elevação de carácter" muito pouco exigente. Durante vários dias Núncio mentiu aos portugueses, só assumiu responsabilidades depois do ex-director-geral da AT vir desmontar as suas mentiras.
Para a líder do CDS ter elevação de carácter é mentir e dizer que a culpa era de outros, só mudando de posição depois de denunciado em público.
«A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, disse neste domingo que Paulo Núncio, ao assumir a sua "responsabilidade política" pela não publicação de dados relativos às transferências de dinheiro para offshores, revela uma atitude digna de nota.
"Paulo Núncio mostrou uma grande elevação de carácter e o país deve muito ao doutor Paulo Núncio pelo trabalho de combate à fraude e à evasão fiscal", disse Assunção Cristas aos jornalistas, em Gouveia, na Guarda, durante uma visita à feira ExpoSerra, que decorre até ao dia de Carnaval, por iniciativa da autarquia local.» [Público]
Dúvidas que me atormentam
Se o processo das transferências para as offshore podia estar anos na gaveta porque isso não afectaria o combate à evasão fiscal porque raio de motivo o Núncio o fez?
Se o processo das transferências para as offshore podia estar anos na gaveta porque isso não afectaria o combate à evasão fiscal porque raio de motivo o Núncio o fez?
Paulo Portas corajoso
Enquanto lhe foi útil vendendo casas para amedrontar os contribuintes, cobrando o IUC de carros que estavam na sucata há anos ou inventando um falso reembolso da sobretaxa de IRS Paulo Portas e Núncio eram inseparáveis. Agora que Núncio foi apanhado ninguém sabe o que é feito de Paulo Portas. Quem cobarde nasce tarde ou nunca ganha coragem.
Uma pergunta a Paulo Núncio
Se as rotinas internas da AT, como a publicação das estatísticas das transferências para as offshore , não carecem de autorização do secretário de Estado, porque é que neste caso Núncio teve a oportunidade de travar o processo?
Era habitual na AT o DG pedir autorização ao secretário de Estado para desempenhar algumas das suas competências? Sobre que matérias o director-geral colocava à consideração do secretário de Estado processos cuja decisão era sua? Que ordens deu Paulo Núncio nesta matéria?
Enquanto lhe foi útil vendendo casas para amedrontar os contribuintes, cobrando o IUC de carros que estavam na sucata há anos ou inventando um falso reembolso da sobretaxa de IRS Paulo Portas e Núncio eram inseparáveis. Agora que Núncio foi apanhado ninguém sabe o que é feito de Paulo Portas. Quem cobarde nasce tarde ou nunca ganha coragem.
Uma pergunta a Paulo Núncio
Se as rotinas internas da AT, como a publicação das estatísticas das transferências para as offshore , não carecem de autorização do secretário de Estado, porque é que neste caso Núncio teve a oportunidade de travar o processo?
Era habitual na AT o DG pedir autorização ao secretário de Estado para desempenhar algumas das suas competências? Sobre que matérias o director-geral colocava à consideração do secretário de Estado processos cuja decisão era sua? Que ordens deu Paulo Núncio nesta matéria?
Comer gelados com a testa
«Os célebres 10 mil milhões de euros que saíram de Portugal para paraísos fiscais não eram do Estado, logo não poderiam servir para pagar o Serviço Nacional de Saúde ou abater ao nosso endividamento.
Tendo eu ouvido gente com responsabilidades dizer que com este dinheiro se pagava o Serviço Nacional de Saúde ou se podia fazer um abatimento à divida pública, achei por bem lembrar que aquele dinheiro será de alguém mas não do Estado. É que não se pode discutir o que quer que seja de forma séria quando os assuntos ficam cobertos da poeira radioativa chamada demagogia.
Um par de factos para começar.
Facto: 10 mil milhões de euros saíram do nosso sistema financeiro para paraísos fiscais sem que as autoridades tributárias tivessem averiguado se tudo estava conforme a legalidade. Importa referir que saiu muito mais dinheiro (cerca de 30 mil milhões de euros) para esses centros de lavagem de dinheiro - que ainda ninguém conseguiu justificar a existência e que, até prova em contrário, servem para que os que menos podem pagar impostos paguem cada vez mais e os que mais deviam pagar continuem a não pagar. Seja como for, é perfeitamente legal mandar dinheiro para esses locais. Mais, ninguém, neste momento, é capaz de dizer se houve ou não fuga aos impostos.
Facto: durante o tempo em que o anterior secretário de Estado dos Assuntos Fiscais esteve em funções não foi publicada a lista da estatística das transferências para contas offshore.
Agora, as considerações.
Numa época em que o país passava por um enorme aperto, em que a carga fiscal nos esmagava - principalmente, claro está, os mais fracos da comunidade -, umas transferenciazitas, plasmadas em 20 documentos, no valor de 10 mil milhões de euros foram feitas sem que ninguém se incomodasse a olhar para elas.
Erro informático, alega o ex-secretário de Estado. O mesmo secretário de Estado que também não sabia que havia uma lista VIP e que, como parece ser seu costume, acusou os serviços de atuar nas suas costas. Os serviços que ele geria. Os serviços que se comprometeu, perante o seu ministro e primeiro-ministro, a supervisionar. Exatamente o mesmo secretário de Estado que se fartou de contratar gente para a administração fiscal e se gabava da excelência dos seus serviços. Quando atuavam bem, era a sua genial capacidade, quando algo falhava ou era incompetência dos homens dos Impostos ou erro informático.
Algo parece claro, eu e muitos portugueses temos um azar dos diabos. Falo por mim. Uma pena estes erros informáticos não terem acontecido com o meu IRS ou com o meu IVA ou com as dezenas de taxas e taxinhas que pago. Quando há erros são sempre contra mim e primeiro pago e depois queixo-me.
Pronto, admitamos que o bom do Paulo Núncio tem muito jeito para fazer simuladores que anunciam devoluções de sobretaxas que nunca chegam a acontecer, para sorteios de carros, mas que não tem muito jeito para gerir equipas e é esquecido. Temos de acrescentar, claro está, pouca sensibilidade para avaliar o momento económico e político. É estranho que não lhe ocorresse que, à época, as transferências para fora do país, sobretudo para paraísos fiscais, deviam ser especialmente observadas. Um pequeno desenho: dificuldades das pessoas, falta de dinheiro no sistema, muita vontade de fugir aos impostos - sobretudo de quem tem meios para tentar fugir.
Há outro problema nesta história. Por que diabo não foi publicada a lista da estatística das transferências para contas offshore? Paulo Núncio, para não variar, diz que não foi culpa sua. O ex-diretor dos serviços dos Impostos afirma que solicitou não uma mas três vezes que essa lista fosse divulgada. Alguém está a faltar à verdade ou, em português corrente, há aqui um "erro de perceção mútuo". O que me foge à compreensão é como é que um especialista em fiscalidade, alguém que percebe muito de offshores (parte importante da sua atividade nos escritórios de advogados por onde passou), como o ex-secretário de Estado, não se lembrou de que essa lista era habitualmente publicada. É muito difícil conceber que um homem com experiência nestas matérias ignorasse a existência de tal lista. Sabia tudo de offshores e desconhecia que essa lista era publicada? Só faltava que o Paulo Núncio não soubesse que havia esquemas para fugir aos impostos através de offshores. Pois, e nós andamos todos a comer gelados com a testa.
Claro que a possível distração, negligência ou outra coisa qualquer não terá sido só dele, está Núncio bem acompanhado pelas pessoas a quem respondia: os ministros das Finanças e o primeiro-ministro. Do que não há dúvidas é que, por muito nervoso que este assunto deixe Passos Coelho, nem ele nem Maria Luís acharam minimamente importante saber o que se passava com a circulação de dinheiro para as offshores num momento tão sensível. A luva da falta de vontade em saber ou da negligência assenta-lhes de forma idêntica à de Paulo Núncio.
A verdade é que há demasiadas coisas nesta história que tresandam. Talvez quando soubermos mais sobre quem transferiu o dinheiro, que empresas, que interesses estão em causa alguma luz se faça.
Tudo isto parece demasiado descaramento para vigarice ou demasiada negligência para distração.» [DN]
Autor:
Pedro Marques Lopes.
Os idiotas da Toys'R'US
«Um muro, um sinal de Stop, um polícia e duas setas, uma a apontar para “México” e outra para “USA”. É este o cenário presente na loja da Toys’R’Us do GaiaShopping, em Gaia.
A instalação à entrada da loja da cadeia internacional de brinquedos, uma representação do muro prometido por Donald Trump na fronteira entre os Estados Unidos e o México, foi fotografada pelo jogador do F. C. Porto Miguel Layun, que é mexicano, e que partilhou a imagem no Twitter. “Que triste que o Toys’R’Us de Gaia tenha este tipo de decoração. Optámos por sair quando vimos esta ‘brincadeira'”, escreveu o futebolista na rede social.» [Observador]
Parecer:
É preciso muito mais do que ser um sacana sem bom senso para fazer uma idiotice destas, é necessário ser muito estúpido.
Despacho do Director-Geral do Palheiro: «denuncie-se e boicote-se a loja dos muros.»