Lista Lagard, transferências feitas pela porta traseira, Panamá Papers, sucedem-se as listas e escândalos com operações que envolvem manobras dos mais ricos para se escaparem aos impostos. Em todos estes processos nada se fez, não se obteve qualquer resultado. No país onde as procuradores se gabam nas televisões ou onde tanto se elogia o combate
à evasão fiscal, nada se consegue contra os mais poderosos.
Não se consegue por ser difícil, por falta de meios, porque os meios estão ocupados em processos complexos e intermináveis ou porque há um imenso esquema em que os pobres são mal pagos, pagam mais impostos e ainda são perseguidos pelas diversas máquinas do Estado?
A verdade é que gente como Lobo Xavier e outros não se cansam de elogiar o sucesso de Núncio e da sua equipa no combate à evasão fiscal, são os mesmos que agora vêm desdramatizar o papel das offshores, sugerindo que quem para lá transfere fortunas cumpre as suas obrigações fiscais com mais rigor do que o merceeiro da esquina.
A pouca vergonha é tanta que nem mesmo em plena crise financeira esta gente teve um pouco mais de cuidado, todos os escândalos envolvendo as offshores são deste período e a regra nos casos da Lista Lagarde e dos Panamá Papers o resultado foi o mesmo, tudo abafado, o fisco esqueceu, os jornalistas calaram-se, os magistrados nem deram pelo assunto.
É o poder do dinheiro, o poder que amacia directores de jornais, que cala jornalistas, que patrocina congressos de magistrados, que elege presidentes e escolhe ministros, que engorda um imenso rebanho de advogados ricos, que emprega os filhos dos altos dirigentes do estado. É o poder do dinheiro que corrompe todo um país e que graças a uma imensidão de vozes do dono até põe os pobres a defender os ricos, a pagar os impostos que os impostos com língua de palmo para que os mais poderosos passem a vida em paraísos.