A crer no debate interno do PSD parece que todos os males do país são do Bloco Central, fazendo lembrar a expressão muito usada no futebol de que “a culpa é do Benfica”. Aliás, as semelhanças entre as lutas entre os grandes clubes não difere muito daquilo que vemos no mundo da política, o que não é de estranhar, não só alguns líderes desportivos gostam de se dirigir às massas imitando os políticos como a troco de um VISA endinheirado os mais sérios jornalistas se transformam rapidamente em aprendizes de Goebbels no mundo da bola. A confusão é tanta que há um deputado do CDS que na CMTV refere-se ao presidente do seu clube como “o meu presidente”.
Como a Geringonça tirou o campeonato ao pafiosos quando estes já tinham comprado as faixas de campeão, ainda hoje a direita não recuperou e não se cansa de acusar o PS de todos os males. A paranoia chega ao ponto de a questão mais debatida do congresso e a crer numa entrevista dada por Santana Lopes, já depois do encerramento do conclave, o debate continua, um qualquer apoio a um governo do PS será uma traição.
Isto é, o PSD não perdeu apenas o poder nas últimas legislativas, perdeu também a capacidade de pensar o país de forma racional. O ridículo é tanto que um partido que tenta livrar-se da peçonha da imagem de direita, aproximando-se e afirmando-se mesmo com um partido de centro esquerda, na hora das alianças e dos acordos define a direita mais conservadora como parceiro natural. Lá fora o PSD é da direita conservadora do Partido Popular Europeu, cá dentro já nem é de direita ou de sequer, o que identifica o PSD é o ódio do PS e líder que ouse aproximar-se daquele partido quase é excomungado.
Dois anos depois de ter abandonado o poder o PSD continua em crise, dividido praticamente ao meio e, pior do que tudo, sem qualquer projeto para governar o país. A irracionalidade, se não mesmo a estupidez, é tanta que os dirigentes do PSD centram o seu debate num tema que só faz sentido no pressuposto de uma derrota nas próximas legislativas, Aliás, durante o congresso o próprio Rui Rio assumiu que iria preparar o seu partido para uma vitória … nas próximas eleições autárquicas.
Se o PSD não estivesse conformado com a derrota o centro do debate não seria se o PSD deve apoiar ou não um governo do PS, mas sim discutir como é que um PSD que um PSD que ganhando eleições sem que a direita tenha maioria absoluta poderá governar. Passos Coelho recusou qualquer alteração do programa do governo, berrou que “era o que faltava governar com o programa do PS” e achou que podia comprar António Costa com um lugar de vice do governo.
O que Rui Rio e Pedro Santana Lopes terão que explica é se nesse cenário insistirão em formar um governo de aliança com o CDS sem maioria parlamentar, se tentam formar uma grande coligação incluindo o PS e o CDS ou se abandonam a Cristas e negoceiam um governo maioritário com o PS.