A crer no discurso presidencial repetido em várias ocasiões a política económica é única e o caminho do crescimento económico é um trilho. Pelos vistos Sócrates perdeu-se e foi Passos Coelho quem encontrou e abriu o trilho, pelo qual Mário Centeno tem passeado alegremente, limitando-se a cantarolar, ir à bola e apanhar malmequeres, principalmente os malmequeres semeados pelo Dr. Ventinhas e pelo pessoal do seu sindicato.
Quem deve estar a espumar é o ainda líder do PSD, durante meses foi ignorado pelo seu antecessor na presidência do partido, agora que Passos está a ocupar a casa por conta do mês que pagou adiantado, já Marcelo lhe descobre qualidades. Se o cinismo fosse música o Palácio de Belém equivalia a mudar a Casa da Música do Porto para Lisboa, em compensação da transladação daquilo que será o cadáver do INFARMED, do Porto para Lisboa. O veneno é de tal forma sofistica que se usa o suposto sucesso de Passos para promover Rui Rio, agora que este o derrubou depois de anos a zurzir em privado e fazendo declarações de apoio em público.
O Presidente da República não reparou que a continuação do passeio pelo tal trilho aberto pelo Passos Coelho foi fazer o contrário do que tinha sido feito. Passos abriu o trilho desrespeitando a Constituição, Costa prosseguiu o trilho respeitando a Constituição. Passos abriu o trilho opondo-se a qualquer intervenção do BCE que lhe permitisse aliviar a austeridade que queria impor, Costa apoio sempre uma abordagem diferente do Euro e agora é Centeno que está no centro da sua reforma. Passos queria aumentar o IRE e baixar o IRC para promover a desvalorização fiscal do trabalho, Costa fez o contrário e tem vindo a fazer o contrário. Passos via com bons olhos a emigração de jovens quadros, Costa tem feito o possível para criar emprego em Portugal. Passos não queria crescimento económico antes de impor toda a sua agenda económica, Costa inverteu esta estratégia. Passos não acertou numa previsão, Costa acertou em todas, mesmo contra as opiniões do BdP, da Dra. Teodora e da Comissão.
Quando se diz que se segue um trilho que alguém abriu, sugere-se que se está continuando um percurso segundo um caminho que está traçado. Acontece que isto é literalmente mentira. Marcelo Rebelo de Sousa pode dizer que a política económica seguida por Passos Coelho poderia vir a ter sucesso, o que não é verdade é que a política económica deste governo corresponde a andar por um trilho aberto por Gaspar e Maria Luís Albuquerque.
É o próprio Passos Coelho que sempre condenou esta política e ainda recentemente o por enquanto líder do PSD disse que a sua agenda económica era para duas legislaturas, isto é, que a ter efeitos a sua política pressupunha mais quatro anos de medidas na linha que tinha sido traçada. Costa não continuou pelo trilho de Passos, abriu um trilho por um percurso diferente. Pelo vistos Marcelo ainda anda perdido sem saber em que trilho é que anda.