sábado, fevereiro 24, 2018

A FOBIA NACIONAL DOS INCÊNDIOS

O problema dos incêndios tem vindo a criar uma hierarquia entre espécies florestais e entre árvores e arbustos. Como o e-mail ameaçador enviado através da AT, um gesto abusivo pois os contribuintes deram o seu endereço de e-mail para receber notificações fiscais e não para que sejam ameaçados pelo governo por causa das florestas, das desratizações, das epidemias da gripe ou por qualquer outra causa da Nação, foi lançado o pânico. É preciso acabar com a praga do mato.

Antes de mais é muito lamentável que o Estado use o medo do fisco e o terror de multas e penhoras para atemorizar o cidadão comum levando-o a correr a limpar o mato. O governo usou abusiva e ilegalmente informações dadas pelo cidadão ao fisco para mandar emails cheios de ameaças a tudo e a todos, tentando desencadear um ambiente de terror que condicione o comportamento de cada um. A utilização daqueles endereços foi abusiva e muito provavelmente constituiu um crime por utilização abusiva de dados por quem não tem autoridade para ordenar tal comportamento. 

De um dia para o outro o mato foi promovido a inimigo número um da Nação e apetece-me perguntar à CML se vai limpar todo o mato do parque florestal de Monsanto e ao governo se vai eliminar todo o mato do Parque Natural da Arrábida. Passa-se do oito ao oitenta, dorme-se à sombra da bananeira pensando-se que uns aguaceiros anunciavam o outono, o frio e a estação da chuvas. Agora veio o pânico e antes que ocorram incêndios elimina-se todo o mato.

É bom recordar que uma boa parte da vegetação do Parque Natural da Arrábida é ocupado por vegetação mediterrânica, o mesmo sucedendo com  as serras dos Algarve. Nestas regiões uma boa parte da vegetação é constituída por arbustos, muito deles resinosos e altamente combustíveis. Esta paranoia anti-incêndio, de mistura com ecologistas finos que parece quererem transformar o país numa floresta tipo coleção botânica, está a ignorar a biodiversidade, uma das grandes vítimas dos incêndios.

O medo político de que ocorram incêndios instalou um fundamentalismo que tem um único objetivo, plantar a árvore que não arde e é politicamente correta e evitar os incêndios destruindo tudo o que possa arder á volta dessas árvores. Não importa a ecologia, o que é preciso é evitar incêndios a qualquer custo. 

É bom recordar que os últimos grandes incêndios tinham ocorrido com Durão Barroso como primeiro-ministro e a região atingida foi o Algarve, muitos desses incêndios ocorreram em zonas sem floresta, alimentados por arbustos tipicamente mediterrânicos.