Não aconteceu nada em Portugal ou, pelo menos, é essa a sensação que se sentiu numa semana em que o Presidente da República não visitou doentes, florestas queimadas, não fez boletins clínicos, longe vão os tempos dos três comentários diários sobre todos os assuntos regionais, nacionais e internacionais, desta vez Marcelo Rebelo de Sousa apareceu uma única vez para falar a banqueiros, um meio em que se sente ainda mais à vontade do que entre os sem-abrigo. Por este andar os portugueses ainda vão sofrer da síndrome da abstinência.
Marcelo falou aos banqueiros, mas em vez de lhes pedir contas sobre as suas responsabilidades na crise financeira e de lhes exigir maior seriedade depois de terem sido salvos pela austeridade imposta aos mais pobres, optou por elogiar a austeridade brutal, sugerindo que é um trilho aberto por Passos e que continuou a ser usado por Costa. Pelo meio ainda sugeriu que o crescimento económico não é sustentável. O discurso até aprecia a antevisão do discurso que faria se pudesse ir ao próximo congresso do PSD.
Manuel Clemente, um conhecido especialista religioso em sexualidade, decidiu ser generoso para com os que depois de não conseguirem o divórcio católico decidem casar novamente. Para o cardeal, estes católicos poderão ter o benefício dos sacramentos se deixarem de ser incontinentes sexuais, isto é, se limitarem o uso do pipi e da pilinha para fazerem xixi. Isto é, se quiserem ir para o céu, recebendo a comunhão e a extrema unção não podem meter a pilinha no pipi. Os mesmos extremistas que na hora de vedar o casamento civil a alguns, ignoram a sua validade em relação aos seus. Não seria má ideia se alguém pagasse uma viagem a Amesterdão a D. Clemente, talvez ele mudasse de ideias sobre o sexo.