O PSD deixou de ser o partido preferido pela extrema-direita chique para ser o mais social-democrata possível, ainda que ninguém perceba muito bem o que é a social-democracia de Sá Carneiro, Cavaco Silva, Durão Barroso, Pinto Balsemão, Santana Lopes, Passos Coelho ou Rui Rio. Depois de destruir a classe média acusando-a dos males do consumo e de ganhar acima do devido afirma-se amante dessa mesma classe média, depois de defender o “ajustamento”, isto é, uma redução linear de todos os salários, defende agora melhores rendimentos. O partido que liberalizou as regras da lei laboral está agora preocupado com a precariedade, os que fizeram baixar de forma brutal a taxa de natalidade são agora campeões na preocupação com a população.
Os opositores de Rui Rio transformaram-se agora numa espécie de ala dos namorados, Passos Coelho afirmou-se um soldado e todos os seus assumiram o mesmo estatuto, uns imitaram o líder e Montenegro assumiu mesmo que passaria à reserva, para esperar o melhor momento para disputar a liderança de Rui Rio.
Pedro Santana Lopes concorreu à liderança do PSD e percebeu que “quem vai ao mar perde o lugar”, de um dia para o outro perdeu um bom tacho para ficar no desemprego. Teve de ir ao congresso resolver o seu problema, deu uma cambalhota e quase parecia um caniche do novo senhor. Esqueceu muito depressa os seus recentes apoiantes, armou-se em seu representante e ganhou estatuto no partido. Já pode ambicionar um lugar no Parlamento Europeu e com a nova posição no PSD tem direito a uma quota de avenças para juristas decididas por gente do PSD.
De um momento para o outro assistimos á conversão de muitos liberais em social-democratas de primeira água, tendo à sua cabeça o cristão novo que agora é secretário-geral, passou de ideólogo do liberalismo extremista de Passos a ideólogo de Rui Rio. Outro caso de cambalhota foi o de Elina Fraga, eram poucos os que sabia que a tinham como companheira de militância no PSD, agora têm-na como vice-presidente sem nunca ter colado um cartaz durante uma campanha eleitoral.
Cavaco Silva preferiu ver o congresso do alto do seu pedestal, não se misturando com a arraia miúda, mas não deixou de tentar algum protagonismo à custa dos outros do seu partido. Fê-lo de forma tão miserável que ninguém se deu ao trabalho de dar pela sua existência, ver um ex-presidente ameaçar contar o que ouviu durante as audiências presidenciais dos líderes partidários foi um dos momentos mais degradantes da política portuguesa, algo de tão baixo nível que ninguém se deu ao trabalho de comentar. A intervenção de Cavaco Silva através da entrevista ao Expresso serviu para mostrar que senhor de Boliqueime não é como o Vinho do Porto, não melhorando com a idade, é uma zurrapa que com o tempo se transforma num vinho cada vez mais azedo.
Cavaco Silva preferiu ver o congresso do alto do seu pedestal, não se misturando com a arraia miúda, mas não deixou de tentar algum protagonismo à custa dos outros do seu partido. Fê-lo de forma tão miserável que ninguém se deu ao trabalho de dar pela sua existência, ver um ex-presidente ameaçar contar o que ouviu durante as audiências presidenciais dos líderes partidários foi um dos momentos mais degradantes da política portuguesa, algo de tão baixo nível que ninguém se deu ao trabalho de comentar. A intervenção de Cavaco Silva através da entrevista ao Expresso serviu para mostrar que senhor de Boliqueime não é como o Vinho do Porto, não melhorando com a idade, é uma zurrapa que com o tempo se transforma num vinho cada vez mais azedo.
Passos saiu e se não fosse a incapacidade de esconder a sua raiva por a esquerda o ter impedido de prosseguir com a sua agenda política mesmo sem maioria parlamentar mereceria o elogio, ainda assim fez o melhor discurso do congresso. Em contraposição, os discursos de Rui Rio foram pobres e até Santana Lopes já não é o que era, parece que a idade lhe está a pesar em todos os aspectos.
Rui Rio lê bem os discursos, o problema é quando não os leu e julgando tratar-se de uma contradição engasga-se e volta a engasgar-se. Depois de acabar de afirmar que a causa da crise financeira tinha sido um crescimento assente no consumo, Rui Rio engasga-se quando lê que a grande prioridade é um aumento do consumo, leu e releu, aquele que o vídeo oficial tinha acabado de apresentar como um grande economista levou uns longos segundos para perceber o que supostamente ele próprio tinha escrito. Lá se lembrou de dizer que aquela era uma frase importante.
Ficamos agora a aguardar que Rio explique melhor a sua tese das culpas do consumo, depois de anos a sermos castigados pela austeridade como se fosse uma penitência pelo excesso do consumo eis que vem Rui Rio, ignora as responsabilidades várias numa crise que começou ainda em 2008 e bem longe de Portugal e que apanhou o sistema financeiro atolado no pote de mel do crédito ao consumo. A tese da culpa de Passos Coelho, que aparece aqui sustentada pro Rui Rio de forma quase ingénua, ou talvez não, serviu para implementar uma brutal transferência de riqueza dos pobres e da classe média baixa para os ricos e, em particular, para a banca. Mas o grande economista andou tão escondido que nem deve ter dado por isto.
Rui Rio apoiou todas as políticas e ainda muito recentemente declarou que teria ido mais longe na brutalidade do que Maria Luís Albuquerque, por várias vezes se manifestou contra aquilo a que designaram por "reversões", mas agora usa todas as consequências sociais funestas resultantes das política que apoiou como bandeira pessoa. Foi contra as reversões da austeridade brutal, mas é o paladino defensor da reversão das consequências sociais da austeridade que apoiou e cujo aprofundamento ainda hoje defende, com a proposta de aceleração da redução do défice.
Rui Rio lê bem os discursos, o problema é quando não os leu e julgando tratar-se de uma contradição engasga-se e volta a engasgar-se. Depois de acabar de afirmar que a causa da crise financeira tinha sido um crescimento assente no consumo, Rui Rio engasga-se quando lê que a grande prioridade é um aumento do consumo, leu e releu, aquele que o vídeo oficial tinha acabado de apresentar como um grande economista levou uns longos segundos para perceber o que supostamente ele próprio tinha escrito. Lá se lembrou de dizer que aquela era uma frase importante.
Ficamos agora a aguardar que Rio explique melhor a sua tese das culpas do consumo, depois de anos a sermos castigados pela austeridade como se fosse uma penitência pelo excesso do consumo eis que vem Rui Rio, ignora as responsabilidades várias numa crise que começou ainda em 2008 e bem longe de Portugal e que apanhou o sistema financeiro atolado no pote de mel do crédito ao consumo. A tese da culpa de Passos Coelho, que aparece aqui sustentada pro Rui Rio de forma quase ingénua, ou talvez não, serviu para implementar uma brutal transferência de riqueza dos pobres e da classe média baixa para os ricos e, em particular, para a banca. Mas o grande economista andou tão escondido que nem deve ter dado por isto.
Rui Rio apoiou todas as políticas e ainda muito recentemente declarou que teria ido mais longe na brutalidade do que Maria Luís Albuquerque, por várias vezes se manifestou contra aquilo a que designaram por "reversões", mas agora usa todas as consequências sociais funestas resultantes das política que apoiou como bandeira pessoa. Foi contra as reversões da austeridade brutal, mas é o paladino defensor da reversão das consequências sociais da austeridade que apoiou e cujo aprofundamento ainda hoje defende, com a proposta de aceleração da redução do défice.