quinta-feira, fevereiro 01, 2018

O NOSSO PEQUENO DAESH




Quando vi o cartaz do MRRP junto da cantina universitária conhecida por “cantina velha”, junto do Estádio Universitário, a anunciar um curso de marxismo-leninismo pensei que tinha recuado 43 anos no tempo, até ao ano de 1975, quando aquela zona era uma espécie de território libertado, à semelhança de Raqqa parecia ser a capital do califado do Arnaldo Matos.

Dei comigo a imaginar o que poderia ser um curso de marxismo-leninismo se depois do 25 de novembro de 1975, quando o MRPP juntou as suas “tropas” às do Major Jaime Neves para combater os social-fascistas, as principais personagens daquela movimento não se tivesse convertido quase de um dia para o outro ao PSD e ao PS ou, o pior dos crimes para um estalinista e maoísta do MRPP, aderido a organizações trotskistas ou coligações com adeptos da 4.ª Internacional.

Imagino o António Domingos, o homem que parece ter dado ao Xavier os SMS trocados com o Centeno e que durante anos foi o braço direito do Fernando Ulrich, a ministrar uma cadeira sobre banca, explicando a tese de Karl Marx inserida no Das Kapital sobre a transformação do capital industrial em capital financeira. Ana Gomes, mulher da diplomacia poderia ser uma brilhante assistente de uma cadeira sobre internacionalismo proletário. 

Fernando Rosa, que trocou Estaline por Leon Trotsky, tão assassino quanto o primeiro mas mais simpático e com ar de avô Boca Doce, para além de constar que se terá metido nos lençóis da Frida Kahlo, uma troca que aos olhos do califa dos bigodes farfalhudos dava direito a ser atirado de um quinto andar, poderia ministrar a cadeira sobre dialética, para nos explicar a tese sobre o papel das crises financeiras no fim do capitalismo e implantação da ditadura do Proletariado.

Já as questões relacionadas com as tomadas de poder, execuções, saneamentos e outras questões relacionadas com a implementação da ditadura do proletariado ficariam bem entregues ao camarada Durão Barroso, que no pós-25 de Abril era uma espécie de emir do DAESH na Cidade Universitária. Maria José Morgado poderia ministrar a cadeira de Justiça Popular Revolucionária.

O meu velho primo membro do Comité Central MAIS o conhecido POR Comité Lenine, que me perdoe, mas essa espécie de híbrido resultante do cruzamento do DAESH com o Kim Jong-un que foi MRPP, não só parece ainda mexer, como mais de quarenta anos depois parece ser uma sarna de que o país ainda não se livrou. Durante décadas mentes brilhantes que acabaram os cursos com passagens administrativas, ainda marcam o dia a dia do país.