No programa “Prós e Contras” realizado na passada semana, a Procuradora-Geral Distrital de Lisboa, por onde tem passado a grande “limpeza nacional” a que nem o Mário Centeno se escapou, queixou-se insistentemente da falta de meios para combater a corrupção. Operante esta queixa a apresentadora questionou a muito mediática Maria José Morgado sobre se isso era uma forma de condicionar a ação da justiça, isto é, de o poder evitar ser investigado. As respostas não foram claras e ficou no ar que o ou os governos boicotariam o combate à corrupção asfixiando financeiramente o MP.
É curioso que no caso da mulher assassinada depois de ter sido abandonada pelo MP não ocorreu nenhum caso de asfixia por falta de recursos financeiros. A culpa foi também do governo, mas porque não seria ministrada formação aos magistrados. Calculo que para o MP a violência doméstica é um fenómeno tão recente e complexo que é impossível de combater sem formação especializada.
Ainda hoje ouço nas notícias que, no Reino Unido, a Scotland Yard pediu ao ministério da Administração Interna um financiamento adicional para prolongar a investigação até ao mês de Setembro. Imagine-se o que diria o Dr. Ventinhas se alguma investigação criminal ficass pendente de uma autorização financeira de um ministério. Cairia o Carmo e a Trindade, organizar-se.-ia mais um congresso patrocinado pelo Ricardo Salgado e onde teria destaque a intervenção do diretor da revista “Sábado”. Era o fim da democracia, o desrespeito pela separação de p+oderes e o sindicalista dos juízes pediria de imediato uma lista das pequenas despesas feitas por cada membro do governo.
Pelos vistos o Reino Unido não precisa de lições de democracia do Ventinhas, a Scotland Yard não está autorizada a gastar dinheiro á Lagardère e os seus mais altos responsáveis, que parecem ter menos autonomia financeira do que o nosso MP, não se vão queixar do governo nas televisões, exigindo mais autonomia financeira, entendendo-se esta como sendo decidir quanto se quer gastar e sem limites.
Fiquei muito preocupado com a democracia no Reino Unido.