quarta-feira, fevereiro 28, 2018

MENTES BRILHANTES

Faz sentido questionar como atrais centros de conhecimento para a cidade do Porto, perceber como é que a cidade e as suas universidades poderão ter ou criar condições para isso. Algo está errado, o Porto é sede de alguns dos maiores grupos empresariais, tem uma boa universidade e conta com boas universidades na sua periferia. O que não faz sentido é iludir a realidade e transferir um qualquer Infarmed de Lisboa ou de qualquer outra cidade.

Faz sentido questionar se as regiões periféricas com menos rendimentos, estejam muito ou pouco povoadas, podem atrair investimentos e produzir bens de grande valor acrescentado, que aumente o nível de rendimentos. O que não faz sentido é asfixiar as empresas Noam região para que se mudem para outras.

Faz sentido avaliar as necessidades de todas as regiões do país em domínios como a educação e a saúde, avaliar a melhor forma de usar os recursos do país e criar condições para que médio prazo hajam hospitais e escolas, médicos e professores. O que não faz sentido é ter a ilusão de que se pode forçar a transferência forçada de médicos, professores ou investigadores para onde o governo pretende que eles sejam deslocados.

É ridículo ver um guru da economia defender a asfixia de empresas para que Elias fujam opara o interior, ou que sem os poderes repressivos da ex-URSS os médicos, professores ou investigadores vão morar para onde os ministros querem. O mais provável é que as empresas se mudem para outro país e que os melhores quadros fujam desta little URSS.

O país tem problemas no interior e em muitas grandes cidades a começar por Lisboa por falta de dinheiro, porque a riqueza que se criar não é suficiente para acompanharmos os nossos parceiros em rendimentos médios, em serviços públicos e em qualidade de vida. É um problema que temos há muitos anos e é comum a todos os países menos desenvolvidos.

Mas as nossas mentes brilhantes descobriram uma forma de resolver os problemas sem criar riqueza e em vez de terem ideias para que o país fique mais rico andam a tentar encontrar formas de mudar a pouca riqueza e a pobreza de um lado para o outro. Uns querem mudar o Infarmed para o Porto, outros querem empurrar as empresas do litoral para o interior. Um dia destes vão lembrar-se de enviar os sem abrigos de Lisboa para Braga, os desempregados da margem Sul para Leixões. E neste ambiente de paranóia anti-incêndio ainda vai aparecer uma mente brilhante a defender que os sobreiros do Alentejo terão de ser replantados na Serra da Estrela.

Em vez de encontrarem soluções a nossas mentes brilhantes encontram ótimas soluções para tirar de uns e de um lado para dar a outros e a outro lado, criando a ilusão de enriquecimento.