sábado, fevereiro 17, 2018

O DEBATE IDEOLÓGICO NO PSD

Poderia ser salutar assistirmos a um debate ideológico no PSD, mas esse suposto debate apenas revela que este partido está a passar uma fase de pouca esperança. Sempre que os dirigentes do PSD não sabem o que fazer olham para o umbigo e procuram nas ideias as causas das suas fraquezas, a desculpa para não estarem no poder. 

O PSD não foi feito para debater ideias, mas sim para conquistar o poder, é esse o objetivo que une os seus senhores, os seus dirigentes são escolhidos em função da sua capacidade para ganharem eleições. Desde a sua fundação que a ideologia sempre foi uma questão secundária, o PSD já apoiou a revolução, o MFA e o socialismo, já foi contra a Europa e a favor da Europa, já foi contra o bloco central e a favor do bloco central, ora se diz social democrata, ora é o partido da extrema-direita chique, ora é de esquerda, ora é de direita.

Quem adere ao PSD não espera que os dirigentes sejam de esquerda ou de direita, o que lhes importa é que se ganhem eleições autárquicas, regionais e legislativas. O PSD é uma espécie de clube de futebol, não importa as cores do treinador, a nacionalidade dos jogadores, ou se o golo foi marcado em fora de jogo, o que importa é que se ganhem títulos. Quando a equipa não ganha é que se discutem as táticas e se exige a busca de um treinador ganhador.

O debate ideológico no PSD apena significa que os seus dirigentes passam por uma crise de confiança, se acreditassem no seu líder, seja ele Passos ou Rio, ninguém se preocuparia em saber se estava à direita ou ao centro. Os senhores do PSD desencantaram-se do Passos Coelho, defenderam-nos até ao limite, mas os resultados nas autárquicas forçou-os a mudar. Agora não confiam muito em Rui Rio e em vez de discutirem o poder debatem como reagir a mais uma derrota.

Esta não é primeira vez que o PSD debate o seu programa, já o fez nos primeiros tempos de Passos Coelho, na ocasião falava-se de refundação e Pinto Balsemão até ficou de elaborar um novo programa. Com a crise financeira, regressaram ao poder e esqueceram logo a refundação.

Quando os militantes perceberem que Rui Rio não lhes devolve o poder e todos os seus benefícios terá os seus dias contados. Não importa se o poder chega com uma coligação com o PS ou com o CDS e muito menos o programa do governo, o importante é estar no poder.