Questionada sobre a polémica da auditoria à sua atuação enquanto bastonária da Ordem dos Advogados, um processo resultante de uma iniciativa do seu sucessor cujos resultados estão em análise no Ministério Público, advogada que ganhou notoriedade quando sucedeu a Marinho Pinto, o seu antecessor e fundador do Partido Democrático Republicano, um fiasco populista que serviu apenas para que o advogado ainda seja deputado europeu.
É óbvio que Elena Fraga tem toda a razão no que se refere aos comentários e sugestões que faz sobre a forma como de um dia para o outro uma qualquer voz amiga fez chegar a informação aos jornalistas. Não só teve razão como demonstrou coragem, é tempo de denunciar a utilização de informação interna da justiça para queimar políticos recorrendo a esquemas difamatórios. Enquanto bastonária, advogada e agora também agente político, a vice-presidente do PSD sabe do que fala e é bom que a denúncia desta velhacaria política não seja associada a uma qualquer estratégia defensiva da esquerda.
Mas Helena Fraga foi um pouco mais longe e sentiu necessidade de fazer uma declaração de fé em relação á sua relação com este Governo, disse que sentia repugnância pelo Governo por ser de esquerda. As sensações físicas sentidas pela Elina não são questionáveis, não falta neste país gente da extrema-direita que sente repugnância por governos com maioria parlamentar formada por deputados eleitos por cidadãos que escolheram a esquerda.
Mas pertencendo a um partido que se diz social-democrata e tendo acabado de assumir as funções de vice-presidente desse partido a declaração da senhora pode provocar vómitos em terceiros, não só por questões que se prendem com a visão, o olfato ou o cheiro, mas principalmente pela falta de cultura política da senhora.
Uma das pessoas que se deve sentir incomodada pela estupidez da sua vice-presidente ée o próprio Rui Rio. Na sua moção de estratégia global, apresentada em Leiria quando se apresentou como candidato à liderança do PSD, Rui Rio declara que "O PSD precisa de se reencontrar consigo próprio para se reposicionar no lugar que é seu: num centro político alargado que vai do centro-direita ao centro-esquerda, de orientação reformista e com inspiração na social-democracia e no pragmatismo social". Isto é, esta senhora corre um sério risco de sentir repugnância pelo seu próprio partido, isto para não referir a falta de estofo democrático de quem deu os primeiros passos na escola do populismo.