Não é fácil para um primeiro-ministro ou mesmo para um ministro ou secretário de Estado terem a noção da realidade e, principalmente, ter a perceção do que pensa a opinião pública acerca do seu desempenho. O que sai nos jornais, a boa ou má imprensa, depende muito de jogos que nem sempre são claros e à volta dos governantes há sempre um muro de graxistas e lambe botas que lhes dizem sempre que graças a eles somos todos umas Alices no País das Maravilhas.
A não ser que o ou a conjugue lhes diga algumas das boas que ouviu quando foi às compras, o que é muito pouco provável, os governantes quase só ouvem dizer maravilhas do seu desempenho. Chefes de gabinete, adjuntos e assessores são uma imensa escola nacional de graxistas que sabem que a melhor forma de conquistarem a simpatia dos chefes é dizendo maravilhas deles.
Por outro lado, ao fim de três anos de governação os ministros e secretários de Estado perdem qualquer capacidade de autocrítica e apenas conseguem encontrar notas positiva para os resultados do seu desempenho. Ninguém nesta fase comete erros ou aponta responsabilidades aos serviços do Estado que estão sob a sua tutela. A Saúde está uma maravilha, no fisco só há sucessos, as estradas estão mais seguras, o Simplex + transformou o Estado numa modernice que nunca se viu.
Esta é a fase mais perigosa para qualquer governo, a da surdez, António Costa e os seus já não vão querer ouvir ideias novas porque as deles revelaram-se uma maravilha, qualquer crítica deixa-os ofendidos. Só aceitam elogios e só têm ouvidos para boas notícias, não vale a pena dizer-lhes que o ambiente nas escolas fervilha, que o descontentamento na Saúde alastra, que ainda há muita evasão fiscal para combater.