quinta-feira, junho 14, 2018

O VERÃO QUENTE DE ALVALADE

Sem incêndios ou assaltos a quartéis, com a oposição a aproveitar o clima para prolongar o estado de hibernação, João Pereira Coutinho achou que do alto do seu brilhantismo devia dar uma ideia à oposição, uma nova frente de batalha, agora que a pediatria do Santo António já deu o que tinha a dar. Este ideólogo da direita teve a brilhante ideia de sugeria que o governo devia ser criticado por não intervir na situação do SCP.

A ideia era boa, seguindo o velho ditado popular o ideólogo sugere que o governo meta a colher num caso de marido e mulher. Se tomasse partido pelo Bruno ficava com o ódio dos do Marta, se apoiasse o Marta tinha de aturar o Facebook do Bruno, se entrasse armado em Herodes tinha de enfrentar os dois. O homem não só não explicou como e porquê deveria intervir, como deve ter-se esquecido de que Portugal é um Estado de direito e que nenhum governo se pode meter num caso que serão só tribunais a resolver.

O que quer o brilhante Coutinho, que o governo reinstale o COPCON e neste verão quente da 2.ª Circular mandasse uma coluna militar a Alvalade para meter um tenente no lugar do Bruno de Carvalho e depois chamasse o Marta para adjunto? Ou que as providências cautelares em vez de serem dirigidas ao Supremo Tribunal Administrativo dessem entrada na secretaria de Estado da Juventude e desportos?

A situação do SCP parece ser cada vez mais complexa e embrulhada em questões jurídicas que só conseguirão ser desembrulhadas nos tribunais. A única forma de intervir do governo seria envolvendo-se numa luta pelo poder que não lhe cabe apreciar ou decidir ou, pior ainda, retirando ao clube o estatuto de utilidade pública, o que seria um golpe quase fatal. Provavelmente seria este o desejo de Coutinho, numa lógica em que transformaria um problema de estatutos de um clube num problema nacional. Enfim, esperteza saloia.

Infelizmente para o SCP a luta pelo poder entre Bruno de Carvalho e a oposição à sua liderança é o equivalente a uma guerra civil, um tipo de guerra onde o nível de destruição é por vezes levado ao absurdo. Neste momento já nenhuma das fações está preocupada com o que se destrói convencida de que essa destruição é um custo que justifica se estiver em causa a derrota do adversário.

Neste estado de coisas a que a situação chegou já ninguém exterior ao SCP, exceto os tribunais pode intervir, nem o Governo, nem a Federação, nem a Liga de Clube. Parece que e perdeu o bom senso e o clube caminha para a destruição, restando esperar que tão não aconteça e que as consequências se fiquem pela solução de poder. Se algo de mais grave suceder, esperemos que o MP responsabilize os responsáveis pelas situações de violência que podem ocorrer, porque depois dos vexames e ataques públicos dos jogadores já se leem apelos aos sócios contra outros sócios.