Antes do 25 de Abril quando por cá mandava o padrinho de Marcelo muitos portugueses andavam calados e era preciso coragem para lhes dar voz. Mas nos dias de hoje basta ler o que se escreve nas redes sociais para se perceber que só os mudos e os mais cobardes ou desinteressados é que estão calados e não precisam de ninguém fazer da sua a voz deles.
O Presidente da República já devia ter percebido que os portugueses não andam assim tão caladinhos e, mais ainda, que não precisam que alguém mais inteligente e com mais voz pense e fale por eles. Há aqui qualquer coisa de errado quando alguém avoca o papel de ventríloquo de uma suposta maioria silenciosa ou calada.
É bom que Marcelo fale, ainda que a regra seja falar tanto que são cada vez mais os que não se dão ao trabalho de o ouvir, mas ele fala o que pensa e não o que pensa que os outros pensam, não recebeu mandato eleitoral para falar pelos outros ou para decidir o que pensaram os que ficaram calados.
«O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, afirmou esta sexta-feira que há uma investigação judicial em curso há um ano sobre o desaparecimento de armas em Tancos e sublinhou que a memória não prescreve.
"Qualquer que seja o resultado dessa averiguação, importa que os portugueses o conheçam", disse o Presidente, quando questionado pelos jornalistas, em Alverca, no final da cerimónia comemorativa dos 100 anos da OGMA - Indústria Aeronáutica de Portugal.
"O Presidente não se envolve no tempo da justiça, limita-se a dizer em voz alta o que os portugueses pensam em voz baixa", acrescentou.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que os portugueses, um ano depois do furto de armas em Tancos, continuam interessados em saber o que se passou, o mesmo se passando com o Presidente.» [Expresso]