Na próxima vez que os monárquicos enumerarem as vantagens da monarquia terão mais dois argumentos a favor deste regime de poder, como se viu a semana passada em Espanha os reis não trabalham para likes e asseguram maior estabilidade à democracia. Poderão até sugerir que se compare a atuação de Filipe VI durante a semana passada e a mesma semana de Marcelo Rebelo de Sousa.
Durante a semana Marcelo foi várias vezes à Feira do Livro, começou logo por dizer que iria três vezes, só faltou dar beijinhos e tirar selfies com as estátuas que estão à entra do Pavilhão Carlos Lopes e pelo meio ainda se pronunciou sobre a crise espanhol. Filipe VI não apareceu em público, não fez comentários sobre tudo e mais alguma coisa e no dia seguinte à aprovação da moção de censura que derrubou Rajoy deu posse a Pedro Sánchez num ambiente de tranquilidade.
Por cá, Marcelo tinha-se recusado a comentar a ”crise política” no país vizinho e amigo, mas pelo caminho lá disse as suas patacoadas com o melhor estilo de comentador televisivo, que a instabilidade política era má por causa das negociações dos fundos europeus e das taxas de juro. Afinal, quase não se deu pela crise política espanhola.
Compare-se a instabilidade política em Espanha onde um governo caiu e um novo primeiro-ministro tomou posse com o que sucedeu há pouco tempo quando o mesmo Marcelo achou que devia avisar os partidos de que haveriam eleições se o OE não fosse aprovado. Na sequência destas declarações o país andou duas semanas a discutir as ameaças do presidente. Aliás, os momentos de crise política durante esta legislatura vieram sempre dos comentários de Marcelo Rebelo de Sousa.
Esperemos que o Presidente da República tenha aprendido alguma coisa com a postura do jovem Filipe VI e passe a ser um fator de estabilidade, em vez de andar por aí com ameaças de crise política, a definir novas prioridades nacionais a um ritmo semanal ou a tirar partido em termos de imagem de tudo quanto +é funeral e missa do sétimo dia que se realiza no país.